terça-feira, 27 de agosto de 2013

PIBIDIANAS PARTICIPAM DO XII ENCONTRO DE INVESTIGAÇÃO NA ESCOLA

TRABALHOS SUBMETIDOS:


  • FAMÍLIA E ESCOLA UMA PARCERIA DE ESTREMA IMPORTÂNCIA
  • A ORIGEM E O RESGATE DE UMA HISTÓRIA
  • A IMPORTÂNCIA DO LUDICO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
  • ALFABETIZAÇÃO: LETRAMENTO E LUDICIDADE NAS PRÁTICAS
  • CONSTRUINDO A DOCÊNCIA NA RELAÇÃO TEORIA PRÁTICA
  • ESCOLA: CONSTRUINDO APRENDIZAGENS UMA EXPERIÊNCIA PIBIDIANA



XII Encontro sobre investigação na escola, um frio de 2ºC, 100 km de distância, só a companhia já estava valendo o esforço. Na chegada uma ótima recepção pela comissão organizadora. Foram mais de 600 trabalhos escritos, rodas de conversas entre universitários, professores, mestres, doutores em educação todos compartilhando pratica e relatando desafios. Que bom que vocês estavam lá PIBIDIANAS Daiane CorreaFrancine Oliveira Gabriela SouzaAna Lúcia Dias, Denice Bitencourt, Marines Razzera Huerta e Seluta Lopes Oliveira


ESCOLA:
CONSTRUINDO APRENDIZAGENS: UMA EXPERIENCIA PIBIDIANA

Maria Seluta Lopes Oliveira (selutaoliveira@gmail.com)
Luciane da Rosa Soares (soaresluciane@bol.com.br)
     Marinês Razzera (marines@farrapo.com)


Resumo
Este trabalho traz uma reflexão sobre a realidade da educação na escola pública, onde através da experiência vivenciada por meio do PIBID, foi possível perceber o contraste existente entre a escola real e a ideal e neste contexto de busca pela qualidade de ensino e de aprendizagem. Deste modo o lúdico aliado a interdisciplinariedade vem a ser um diferencial para estimular a construção do conhecimento intelectual, social e afetivo das crianças, oportunizando uma educação para a formação do ser humano em seus diferentes aspectos: social, físico, intelectual e afetivo, de modo que possa adquirir  conhecimentos e experiências, afim de desenvolver-se como ser integrante e participante de sua comunidade. Para isto se realizou um estudo com base em autores como Bitencourt (2013), Freire (1998), Ferreiro (2000), entre outros em conjunto com a prática do PIBID,  em uma escola municipal, pública , localizada na periferia da cidade.Valorizar a educação em relação ao ensino aprendizagem, de forma a buscar cada vez mais o respeito, bom convívio e a integração social.

Palavras chave: aprendizagem, ludicidade, escola

 


1.      CONHECENDO O CONTEXTO DA ESCOLA


A escola é um espaço de construção do conhecimento, que recebe diariamente crianças com expectativas e realidades diferentes, onde cada uma tem seu potencial, sua habilidade e sua experiência própria. Neste contexto o professor vem a ser o mediador aquele que ira integrar a bagagem cultural e social do aluno com os conhecimentos formais serem aprendidos na escola.Para isto buscamos trazer o cotidiano de uma escola públicas onde suas ações procuram trabalhar de forma interdisciplinar e lúdica, integrando a escola e a comunidade trazendo como foco as dificuldades que a escola enfrenta na busca de atender suas expectativas e as da comunidade escolar, entre elas garantir aos alunos e professores um espaço prazeroso e acolhedor, buscando melhores condições de trabalho, recreação, e harmonia entre eles, a fim de estimular a aprendizagem dos educandos. A escola objeto das intervenções do PIBID do curso de Pedagogia localiza-se na periferiada cidade, á quatro km do centro, próxima a zona rural. A comunidade é carente, onde o índice de violência é muito grande, há falta de emprego e opções para lazer, o que acarreta um alto índice de risco social, visto que os jovens ficam ociosos e não possuem expectativa para “futuro”. A escola atualmente está com 55 alunos em turnos manhã e tarde. O que se vê na escola é um reflexo das mudanças sociais e das novas estruturas familiares, os alunos na maioria são carentes tanto financeiramente como afetivamente, indo para  escola em busca de atenção, cuidado e afeto, e acabam se envolvendo em conflitos entre colegas e professores.
Bitencourt (2013) dentro deste contexto faz uma reflexão sobre o atual espaço educacional que atualmente já não atende as reais  necessidades dos alunos, pois não se trata mais e apenas transmitir o conhecimento formal, mas sim trabalhar valores como respeito, solidariedade, responsabilidade... “O espaço educacional, que deveria promover o progresso do saber e a conscientização cidadã dos indivíduos, se converte em um local de conflito e exclusão.”(p. 17) o autor justifica sua reflexão tendo em vista a crise familiar, a degradação social, a realidade dos estudantes.  Bitencourt ainda complementa que
a estrutura familiar tradicional não é mais capaz de promover em jovens o desenvolvimento rigorosa do respeito, do senso de responsabilidade, da autonomia, postulando separa os professores tal papel que caberia aos pais, alienados das sua funções basilares. (BITENCOURT,p. 17, 2013)

2.      AS AÇÕES REALIZADAS INTEGRANDO PIBID E ESCOLA

Para realizar um trabalho junto aos alunos que atenda as expectativas dos mesmos e da escola, bem como contribua para a construção do conhecimento universitário, foi necessário interagir junto aos professores, observando o seu cotidiano, analisando a Proposta Pedagógica, participando como ouvintes das conversas informais na sala dos professores, assim de acordo com estas observações e análises, em diferentes períodos e atividades foi possível constatar que é necessário várias adequações para que se dê aos alunos uma educação digna onde eles possa fazer suas atividades de lazer, esporte e cultura em um lugar onde dê a eles um futuro melhor.
Conscientes dessa postura como formadores de opiniões, por meio da reflexão, da crítica e da troca de ideias. Devemos ter consciência de que somos mediadores e ainda mobilizadores que alavanca as mudanças sociais. Segundo Paulo Freire,(2001) apud Duarte e Barbosa, (2007) O importante não é só trabalharmos a leitura de palavras em si ou letras mas sim  relê-las e reescrevê-las; pois assim daremos sentido para uma construção sobre o que foi realizado. Isto esclarece uma prática e compreensão da alfabetização pois a educação é indispensável para a ação política graças a seu poder de transformação da linguagem.
Entre as atividades realizadas através do PIBID, destaca-se a utilização de jogos para o despertar da curiosidade do aluno, o desejo de aprender, a criatividade. Assim na turma do terceiro ano desta escola, aplicou-se um jogo que envolvia as letras do alfabeto e os mesmos foram desafiados a criarem palavras a partir da combinação das letras do alfabeto. A partir deste jogo os alunos criaram novos desafios como criar também frases, rimas, pequenos textos.
Trabalhar utilizando os jogo se dá a expectativas de que podemos ser e fazer melhor, e através da sua valorização buscamos novos desafios e perspectivas pois a educação tem como desafio, favorecer o desenvolvimento intelectual em harmonia com o desenvolvimento afetivo moral para que o sujeito, aos poucos possa conquistar sua autonomia intelectual, afetiva e moral. O professor deve respeitar a individualidade para assim propiciar que os alunos alcancem não só os objetivos mais que sejam bem-sucedidos na vida.
A escola precisa se promotora do desenvolvimento global dos alunos valorizando suas diferentes inteligências e formas de linguagem, tornando os capazes de viver numa sociedade diversificada.
Toda a criança tem direito a brincar, em um ambiente interno e externo adequado para o desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a metodologia da educação infantil, incluindo o repouso, a expressão livre, o movimento e o brinquedo.
Na escola ou em outros espaços, a criança procurará satisfazer suas necessidades através do desenvolvimento com o mundo imaginário além de desenvolver operações de processos naturais. A diversidade de práticas pedagógicas que caracterizam o universo da educação, reflete diferentes concepções quanto a o sentido e funções atribuídas ao movimento no cotidiano das creches, pré-escolas e instituições afins. (p 17- 18 PCN, 1997)
Neste contexto foi possível perceber que a escola apesar de seu pouco espaço físico busca oportunizar aos alunos atividades que venham a desenvolver a psicomotricidade, as habilidades físicas, o trabalho cooperativo e colaborativo através das aulas de educação física, de gincanas, atividades de atletismo que integrem outras escolas, entre outras. Assim conforme Henri Wallon, (1879-1962 p.18), afirma que o movimento para criança pequena significa muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo.

3.      A PRATICA EDUCATIVA E AS BASES TEÓRICAS QUE AS ENVOLVEM

 Transformar a escola em um lugar onde todos possam aprender e também trazer para dentro da escola a sabedoria de outros é uma oportunidade de  participação ativa da comunidade com  dia a dia da escola, fazendo junto com os alunos uma integração entre o que é ensinado na escola e a sabedoria popular.
Transformar a escola em um espaço para a construção do conhecimento intelectual, social e afetivo é levar o olhar educativo para as diferentes formas de aprendizagem dos alunos e  variadas maneiras que o professor precisa oportunizar a aluno para que este aprenda. Uma aprendizagem de forma interdisciplinar onde os conhecimentos interagem entre si e não em disciplinas separadamente é trazer sentido real ao que esta sendo aprendido.
       A escola procura trabalhar a interdisciplinariedade através de projetos, onde todos se envolvem nos projetos trabalham ativamente junto aos alunos e muitas vezes envolvendo também a família.    
    Trabalhar com projetos segundo Boutinet, ( 1999), significa
educar através de projetos interdisciplinares é fascinante e surpreendente, pois se consegue trabalhar envolvendo todos os alunos, mesmo os vistos como mais indisciplinados promovendo a participação de todos. Os projetos nos proporcionam um caminho para tornar o ato pedagógico participativo o que nos permite refletir sobre a busca de alternativas para um processo de construção do conhecimento significativo. Contribui para que os alunos aprendam a solucionar questões que passam decorrer do projeto os alunos precisarão encontrar soluções desenvolvendo o bom senso,  a colaboração e a participação. O educador precisa ter clareza das competências que deseja desenvolver em seus alunos. Este processo deve buscar um conhecimento maior dos objetivos a serem alcançados. O dialogo deve tornar a escola um lugar de intercâmbios onde os educadores e os alunos possam transformar em aprendizagem as experiências sociais através de desafios para novos conhecimentos, promovendo o desenvolvimento e o comprometimento com o ato de ensinar e aprender. (P.45 COLETANEAS URCAMP, 2003)

 Neste sentido Ferreiro (1997 P.47) afirma que “a alfabetização não é um estado com qual se chega, mas um processo cujo o início é na maioria dos casos anteriores a escola é que não termina ao alfabetizar a escola primária”. A autora defende que, de todos os grupos populacionais as crianças são as mais facilmente alfabetizáveis e estão em processo contínuo de aprendizagem, enquanto que os adultos já fixaram formas de ação e de conhecimento mais difíceis de modificar.
Para a autora existem práticas que levam as crianças a convicção de que o conhecimento é algo que os outros possuem e que só se pode adquirir da boca destes, deixando, assim, de ser participante da construção. Algumas práticas levam a pensar que aquilo que existe para conhecer já foi estabelecido, como um conjunto de coisas fechadas que não podem ser modificado. Há por fim, práticas que leve a que o sujeito (criança) fique sem participar do conhecimento, como espectador ou receptor daquilo que o professor ensina. A autora afirma ainda que “nem uma prática pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo modo de conceber o processo de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem”.(2000, p.30-31).
Na relação entre o brincar e o aprender, o grupo tem um significado importante no contexto escolar: é por meio dele que a criança aprenderá a relacionar-se com outras crianças, a ter amigos, a resolver conflitos, disputas e rivalidades, a frustrar-se e descobrir vários sentimentos, que vão do amor a o ódio. Nesse contexto escolar, ela estará sob o olhar do professor, sendo auxiliada por sua mediação e intervenção. Para lidar com os possíveis e desafios que surgirão a partir do convívio em grupo, o professor deve conhecer as principais características do desenvolvimento da criança conforme sua faixa etária e seu contexto sócio emocional.

4.      CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na escola nos deparamos com vários fatores e que muitas vezes nos deixa sem ação como, por exemplo, a falta de uma sala para os professores, a biblioteca é improvisada em um corredor a secretaria é em uma sala muito pequena onde comporta três professores de cada vez, sala para reuniões não tem, são feitas em salas de aula, o pátio é muito pequeno não oferecendo espaço para as crianças brincarem, e fazer suas atividades físicas, quando as crianças vão fazer alguma atividade no pátio ficam expostas ao sol, pois não há um lugar protegido, as refeições são feitas em salas de aula porque não há refeitório na escola, a pracinha da escola é bem precária com pouca diversidade de brinquedos, não há rampas de acessibilidade e nem banheiros adaptados.Todo espaço físico da escola precisa ser ampliado para oferecer melhores condições aos alunos e professores que fazem da escola um lugar acolhedor onde os alunos brincam com os colegas jogam bola, basquete, pulam corda, as meninas brincam de boneca, e bambolê se o brinquedo é imprescindível na vida de uma criança, o ato de brincar é uma magia construtiva, feita com alegria.
Este fator desempenha um papel de suma importância na formação e desenvolvimento da criança. Já afirmava Platão que aconselhava jogos educativos, e Froebel que conduziu o jogo no sistema educativo como meio de formação da personalidade da criança. (P.9 COLETANEAS do programa de formação URCAMP, 2003) Então é muito importante que a escola mantenha essa harmonia entre eles, pois muitas dessas crianças não têm um brinquedo em casa ou alguém com quem possa brincar. Há uma grande carência afetiva nas crianças dessa escola, e essa falta faz com que estas crianças saem de sua casa para brincar em algum lugar causando preocupação para os pais. E isto, é evidenciado a partir das observações nos aspectos comportamentais de alguns alunos. Isto nos faz refletir e pensar que o ambiente escolar é o lugar onde a criança revela um amor característico, embora de forma confusa, onde a criança memoriza o que vivencia, e este deve ser adequado a suas necessidades, pois uma escola que define sua missão, não se desvia de seus objetivos e busca estratégias que permita atingir propósitos e caminhar competentemente para o futuro.
Analisando e observando o processo de desenvolvimento da escola o seu cotidiano como um todo, pode-se dizer que diante de suas perspectivas de desenvolver o seu papel que é o de educar o cidadão para a sociedade, e constatando que diferentes fatores não dependem diretamente da escola, e sim de cada um dos envolvidos nesse processo de transformação, de educar de uma forma justa, de dar um futuro promissor ao aluno para que interaja na sociedade de uma forma digna e, constatando que a família é um fator fundamental e que essa deve exercer o seu papel que é de estar presente na vida do educando. Utilizar de recursos lúdicos para incentivar o aluno em sua aprendizagem, é uma oportunidade de despertar nas crianças o desejo pela aprendizagem, sua criatividade, estratégias para resolver as situações problemas que fazem parte do seu dia-a-dia.

5.      REFERÊNCIAS


BARBOSA e FERNADES, Maria Carmem Silveira e Susana Beatriz. Uma Ferramenta Para educar-se e Educar o Outro. Revista Pátio, Educação Infantil, ano X, nº30, jan-mar, pag. 08-11. Grupo A Educação S.A: Porto Alegre, 2012.

BITENCOURT, Paulo Nunes. Conhecimento a venda? Revista Filosofia, ciência & vida, ano VII n 78, jan, p 15-22. Ed. Escala Educacional, São Paulo: 2013.

BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais Pluriladade Cultural, vol;10 Secretaria de Educação Fundamental-Brasília; MEC/SEF,1997.

Coletâneas do programa de formação de Professores em Serviço. V. I Caçapava do Sul:URCAMP, 2003.

FERREIRO, Emília, Reflexões Sobre a Alfabetizações. São Paulo. Cortez, 2000



EDIFICANDO TEORIAS COM A PRÁTICA

SANTOS,Teresa Cristina Leal dos
dpteresa@hotmail.com
CORREA, Daiane Landa
dai_landa@yahoo.com.br


Resumo
Com base em nossas experiências no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), que tem o objetivo de promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Patrício Dias Ferreira (PDF) que teve media de 3,6 no Índice de desenvolvimento da Educação Básica, IDEB, em 2011. Ou seja, a cada 100 alunos 41 não aprovaram. A partir da progressão ao longo dos anos e do aprendizado dos alunos o objetivo é atingir a meta para o ano de 2021. A Escola PDF atende 263 alunos, sendo 50% deles das series inicias.
Trabalhamos com base no subprojeto “Letramento e Ludicidade em Práticas Interdisciplinares” fundamentado em observações desenvolvemos um projeto de literatura infantil, com alunos das series iniciais 1º a 3º ano, “Construindo conhecimento com o mundo da imaginação” que teve por objetivo desenvolver na criança o prazer pelo ato de ler e interpretar. Apoiado numa proposta de desenvolvimento interdisciplinar focado na leitura. Apresentando ao aluno uma nova postura diante do conhecimento, uma mudança de atitude em busca do contexto do conhecimento, em busca do ser como pessoa integral.

Palavras chave: PIBID, didático-pedagógico, letramento, praticas interdisciplinar.

1.      CONTEXTO DO RELATO

O presente relatório tem o objetivo de apresentar as ações desenvolvidas no subprojeto “Letramento e Ludicidade em Práticas Interdisciplinares” do Programa Institucional de Iniciação a Docência – PIBID da Universidade da Região da Campanha - Urcamp, Campus Caçapava do Sul, inserido no projeto “Tecendo Saberes e Fazeres Docentes”. O subprojeto visa à integração da Universidade com as escolas de Educação Básica, em especial os anos iniciais do Ensino Fundamental, promovendo a articulação entre teoria e prática. Articulação essa que se caracteriza por um movimento contínuo entre "o saber" e "o fazer", na busca de significados para a docência e resolução de situações próprias do ambiente escolar. Tínhamos o objetivo de compreender os fatores que influenciaram este baixo desempenho, assim estudamos o contexto escolar as implicações na qualidade do ensino desta escola. As expectativas eram muitas, era o momento de colocar em prática tudo o que vínhamos aprendendo na universidade, que certamente será uma grande experiência para nossa formação.
Após muitas observações concluímos que havia muita dificuldade entre a leitura e consequentemente a escrita. Neste contexto desenvolvemos o projeto de intervenção pedagógica “Construindo Conhecimento com o Mundo da Imaginação”, procurando atender os objetivos do subprojeto e o anseio dos professores.
 O nosso projeto foi baseado no livro infantil de Agnes Lestrade e Valeria Docampo “A grande fábrica de palavras”, que conta a história de um país onde as pessoas quase não falam, nesse estranho país, é preciso comprar palavras e engoli-las para poder pronunciá-las. Começamos com a contação de história a partir da mesma foram planejadas as atividades pedagógicas de leitura e releitura, interpretações, produção de textos, confecção de glossários, jogos.

DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES
Nossa primeira intervenção foi com a oficina de contação de historia, que tinha como objetivo elevar o pensamento da criança, o despertar dos sonhos, da imaginação. A partir de então semanalmente desenvolvemos atividades lúdicas pedagógicas relacionadas ao historia contada. Enfatizando também os valores, importância das pequenas ações e os sentimentos.
A nossa segunda atividade foi uma sopa de letrinhas, onde todos os alunos foram até o refeitório e degustaram da divertida sopa de letrinhas. Essa atividade tinha o objetivo de potencializar nos alunos o verdadeiro sentido de apropriar-se das letras, para daí então formar as palavras e assim prenunciá-las.
A terceira atividade foi realizada com a utilização de fantoches, os personagens da historia foram entregues aos alunos e esses realizaram uma releitura da historia. Essa atividade tinha com objetivo a construção utilizando-se da fantasia. 
A quarta atividade foi uma construção de texto dirigida onde foi proporcionado aos alunos material para recorte e eles em grupo construíram um texto que tinha com objetivos os valores, essa atividades tinha o objetivo de construir entre eles uma situação de respeito.
A quinta atividade um jogo, baseado nos sonhos “o que eu sonho para mim” foi oferecido individualmente corações onde eles deveriam escrever seus sonhos e importante não era necessário compartilhar com os colegas o seus sonhos. Porém quem quisesse poderia expor na janela dos sonhos. Nessa atividade queríamos que eles adquirissem confiança uns nos outros, que se expusessem sem vergonha e até mesmo sem deboches e criticas.
Para a culminância do projeto desenvolvemos a construção da grande fabrica de palavras, com o objetivo de sondagem, ou seja, queríamos verificar se o objetivo geral,  desenvolver na criança o prazer pelo ato de ler e interpretar,  havia sido atingido.
É importante salientar que todas as atividades foram desenvolvidas de acordo com a evolução de cada turma, em todas as turmas foi desenvolvido glossário, trabalhado com ditado, teatro de fantoches. Atividades como interpretações e construções de texto tiveram uma certa resistência por parte dos alunos, o lúdico foi o que mas despertou atenção dos alunos.   

  1. ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO
            Baseado em teorias pedagógicas, concluímos que a melhor forma de desenvolver a criança para a escrita é a explorando a literatura, leitura, interpretação e a imaginação. Embora colocar isso em prática, dentro do ambiente escolar, não seja muito fácil. O ambiente escolar em questão é rico em diversidade e contradições, se tornando um verdadeiro laboratório de aprendizagem, estimulando nossos estudos e discussões. Inicialmente queríamos apresentar ao aluno uma nova postura diante do conhecimento, uma mudança de atitude em busca do contexto do conhecimento, em busca do ser como pessoa integral. Visando a construção de um conhecimento rompendo com os limites do currículo. Para isso, foi preciso, dar liberdade para que o aluno pudesse se expressar.  E nada melhor do que explorar a literatura infantil.
A utilização do livro nas series inicias é a forma de instrumentar na criança o verdadeiro sentido de aprender, do ler, do saber. Explorar a literatura, os livros, na infância é a melhor forma de apresentar o mundo a uma criança.
                                                           Para enriquecer a vida deve-se estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam. Bettelheim (1996, p.13)
Para que uma historia realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Deste modo exploramos o livro “A grande Fabrica de Palavras” de Agnes de Lestrade e Valeria do Campo, trata-se de uma obra que retrata um país onde as pessoas quase não falam e que assim pretende realçar o verdadeiro valor da palavra. Segundo a editora, Paleta de letras, numa era de redes sociais, em que a palavra é tantas vezes banalizada, este livro ajuda-nos a descobrir o verdadeiro sentido da palavra, ensinando-nos também que os sentimentos verdadeiros sobrepõem-se a qualquer problema de comunicação.
Os resultados obtidos durante o desenvolvimento do projeto nos levaram a reflexão constante. Tirar a criança do sua zona de conforto desenvolve a critica e a imaginação e isso pode ser explorado de varias formas.
 As histórias têm como valor específico o desenvolvimento das ideias, e cada vez que elas são contadas acrescentam às crianças novos conhecimentos. Um aluno só saberá a importância da leitura se criar o hábito e sentir o prazer em ler. Estar em contato com a Literatura é aprender um pouco de uma cultura e despertar o desejo pela fantasia que a mesma proporciona.

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Ao final do projeto, percebemos que os alunos foram capazes de criar uma intimidade com o livro, durante todo desenvolvimento do projeto observamos a ansiedade dos alunos pela nossa chegada, a cada atividade uma superação, como quando todos expuseram seus sonhos sem receio do colega, muitos sonhavam com um simples beijo, abraço e até mesmo  uma mãe. O significado da palavra “sonho” era distorcida e, ou, simplesmente sul real.
            Diante das construções de texto, a criação da fabrica de palavras houve vários momentos em que as ações valeram mais do que qualquer aprendizado. Ações que não surpreenderam só a nos, mas a todos os professores. Durante a culminância do projeto, construção da fabrica de palavras, os alunos construíram garagens para carros fortes, varais de palavras, chaminés com frases interiras saída delas, e até mesmo compartimentos secretos para as palavras mais caras. Criaram um nome para suas fabricas e anúncios que traduziam o que tinham aprendido.
            Os resultados obtidos com o projeto foram apresentados ao final do ano letivo e nos proporcionou reflexões tanto na esfera pessoal quanto profissional. Tudo muito valido, positivo, nossos objetivos foram alem das expectativas, as crianças tem muito o que ensinar e nos enquanto pessoa sempre muito o que aprender. Uma pratica educativa deve vir recheada de desejos de mudança, e de transformações significativas tanto para o aluno quanto para o professor.
            A cada atividade executada, a cada demonstração de aprendizagem, a cada registro escrito percebemos que tudo isso foi conquistado, e o principal instrumento dessa conquista foi “a historia”.
                                              
                                                          
                                               O ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a mesma história ou outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto! (ABRAMOVICH, 1995, p. 23).
           
            A história apresentada desenvolveu o respeito às diferenças, a valorização, a descoberta de potencialidades, o elogio que foi muito utilizado durante as atividades com o objetivo de melhorar a autoestima, um problema detectado ao longo do projeto. Grandes oportunidades foram dadas a eles, alunos, e a nos pibidianas.
            O campo do conhecimento envolve a análise, problemáticas, a reflexão e o dueto de ensinar/aprender. Sabemos que não existe uma forma de  fazer única, mas os ingredientes são os mesmos independente de quem, como e onde se vai aplicar, bem como, cada um tem sua didatica. Com tudo isso concluímos que sem leitura, sem fundamentação teórica, sem crença, sem amor não é possível acontecer o aprendizado.
            O PIBID nos proporcionou, está nos proporcionando a fase mais peculiar da docência, a pratica, e isso fica mais claro ainda quando as perguntas e dificuldades surgem e começam a ser superadas após algumas discussões, projetos e relatórios. E antes mesmo que encontremos todas as respostas para as perguntas iniciais, concluiremos o período e as perguntas e reflexões continuam surgindo.

4.      REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5.ed. São Paulo: Scipione, 1995.
BETTELHEIM, Bruno. A Psicanalise dos Contos de Fadas, 11.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
BRASIL. Ministerio da Educação. Secretaria de Educação, Parâmetros Curriculares Nacionais: Brasila: MEC, 1997
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988.
SANTOS, Julio Cesar Furtado dos. Aprendizagem Significativa: modalidade de aprendizagem e o papel do professor. POA: Mediação, 2009.
SILVA, Vera Maria Tietzmann. Literatura Infantil Brasileira: um guia para professores e promotores de leitura. 2 ed. rev. Goiânia: Cânone Editorial, 2009


 A ORIGEM E O RESGATE DE UMA HISTÓRIA

Daiane Landa Correa (dai_landa@yahoo.com.br)
Teresa Cristina Leal dos Santos Co-autor 1 (dpteresa@hotmail.com)

Resumo
Conhecemos a história da Escola Municipal de Ensino Fundamental Patrício Dias Ferreira, esta contada, visto que não existia um documento escrito. Diante da sua singularidade achamos importante averiguar relatos, pesquisar e fazer levantamento de registros da época, resgatar esta história tão importante não só para a escola como para a comunidade, uma vez que era rica e que infelizmente era desconhecida da maioria dos professores e alunos.
Palavras chave: pesquisa, história, descoberta.
1.      CONTEXTO DO RELATO

      O presente relatório tem o objetivo de apresentar as ações desenvolvidas no subprojeto “Letramento e Ludicidade em Práticas Interdisciplinares” do programa Institucional de Iniciação a docência – PIBID da Universidade da região da Campanha - URCAMP, Campus Universitário de Caçapava do Sul, inserido no projeto “Tecendo Saberes e Fazeres Docentes”. O subprojeto visa à integração da universidade com as escolas de Educação Básica, em especial os anos iniciais do Ensino Fundamental, promovendo a articulação entre teoria e prática. Articulação essa que se caracteriza por um movimento contínuo entre "o saber" e "o fazer", na busca de significados para a docência e resolução de situações próprias do ambiente escolar. Desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Patrício Dias Ferreira (PDF) devido aos índices do Ideb de 3,6, tivemos como foco compreender os fatores que influenciaram este baixo desempenho, assim estudamos o contexto escolar,  as implicações na qualidade de ensino desta escola. As expectativas eram muitas, era o momento de colocar em prática tudo o que vínhamos aprendendo na universidade, que certamente será uma grande experiência para nossa formação. A Escola Patrício Dias Ferreira, conhecida com “Patronato”, devido sua história, foi fundada em 10 de setembro de 1996, recebendo a atual denominação. Pertence à Rede Municipal de Ensino e está situada na RS 357 – Saída para Lavras do Sul. Hoje a Escola conta com 270 alunos de 1º ano à 8º série, está se adequando à Lei nº 9394/96, que sinaliza para o ensino obrigatório de nove anos de duração, meta da educação nacional pela Lei nº 10.172/2001, aprovada pelo PNE. A comunidade em que se localiza é de grande vulnerabilidade social, de baixa renda, sendo um salário mínimo a média da renda familiar. Foi nesse contexto que desenvolvemos o projeto de intervenção pedagógica “Construindo Conhecimento com o Mundo da Imaginação”, procurando atender os objetivos do subprojeto e o anseio dos professores e dos alunos.

2.      DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

      No dia 16 de agosto de 2012 estávamos na Escola Patrício Dias Ferreira para que fôssemos apresentadas pela professora supervisora aos professores, alunos e funcionários, oportunidade em que conhecemos o prédio. Em seguida tivemos acesso a alguns arquivos com a documentação da escola, como: Regimento Escolar, Projeto Político Pedagógico, ao mesmo tempo em que iniciamos um levantamento fotográfico da sua construção. Conhecemos, então, sua história, esta contada, visto que não existia um documento escrito. Diante da sua singularidade, achamos importante averiguar relatos, pesquisar e fazer levantamento de registros da época. Sentimos que era necessário reviver sua história, tão importante não só para a escola como para a comunidade. Descobrimos o quanto era rica e que infelizmente era desconhecida da maioria dos professores e alunos.
     
Histórico Patrício Dias Ferreira
   
       A Escola Municipal de Ensino Fundamental “PATRÍCIO DIAS FERREIRA”, fundada em 10 de Setembro de 1996, localizada na Av. Lima e Silva, s/n, RS 30 km 2, no antigo prédio do Patronato Agrícola e Industrial “Patrício Dias Ferreira”, que por sua vez foi fundado em 19 de Setembro de 1956, com base legal no Decreto de Utilidade Publica Federal 68098, Decreto de Utilidade Publica Estadual 19706 e Decreto de Utilidade Publica Municipal nº 24. Um sonho da Família Patrício Dias Ferreira.
      Patrício Dias Ferreira nasceu em 12 de outubro de 1888, na sede da Fazenda Boa Vista, hoje ainda de propriedade da família, filho de Honório Dias Ferreira e de Francelina Rodrigues Dias, único filho legitimo do casal Patrício Dias, que ao longo dos anos de casado adotaram cinco crianças. Um autodidata, na época não havia escola de fácil acesso como nos tempos atuais, durante alguns anos estudou em Santa Maria, sob a responsabilidade de professores que se organizavam e forneciam pensão aos alunos. Depois desse período manteve o hábito de leitura, mantinha uma grande bibliografia em sua casa, assinava revistas francesas que traziam artigos sobre os mais variados assuntos. Fazia questão de comentar com seus filhos sobre assuntos mais diversos e acontecimentos no mundo, estimulava a leitura, ressaltando a importância de falar e entender outro idioma. Um dos assuntos muito mencionado pelo Senhor Patrício era o problema do futuro, o êxodo Rural. Casara-se aos 25 anos com Manoela Velho Dias, única filha do Dr. Matias de Campos Velho, primeiro médico residente em Caçapava do Sul. Teve 8 filhos, sendo dois portadores de deficiência, todos nascidos e criados em Caçapava do Sul, embora todos tenham estudado em Porto Alegre, escolas Franciscanas (meninas) e Jesuítas (meninos). Fato importante a ser mencionado é sobre o registro de seus filhos, uns foram registrados com sobrenome Dias Ferreira e outros somente Dias. A diferença no sobrenome dos seus filhos é devida à certidão de casamento estar Patrício Dias, diferente da certidão de nascimento.      
       Tinha muito gosto por viagens, cruzeiro pela Europa, Montevidéu, Buenos Aires, sempre acompanhado de sua esposa, que não admitia separar-se por um só dia, e de filhos que não estivessem em período escolar. Viagens estas repetidas anuamente, enquanto sua saúde permitiu.
       A Escola “Patronato” recebeu este nome devido ao sonho do Sr. Patrício Dias Ferreira em ver em sua propriedade uma escola auto-sustentável, que ensinasse as lidas do campo e ao mesmo tempo o 1º Grau. 
     No dia 21 de Março de 1960 Senhor e Senhora Patrício Dias Ferreira assinaram a escritura de doação da área de 18 Ha. de campo para que ali fosse construída uma escola para meninos, modelo de internato. No evento estavam presentes Ismael Vivian Eilers, Baby Piguinatari, o qual financiou a obra, Marino Casa Nova e Mariano da Rocha. As obras duraram até o ano de 1964, seu primeiro diretor foi o Sr. Marino Casanova. Na época a escola oferecia oficinas de carpintaria, parreirais, olaria, aviário e horta. Quando o Sr. Marino Casanova deixou a diretoria assumiu a Sra. Helena Barcelos, foi uma pessoa incansável a frente da instituição,  mas sofreu muita resistência. Durante sua gestão a política começou a interferir no funcionamento do Patronato e ele começou a apresentar dificuldades na estrutura física, passou por depredações e conseqüentemente veio a má conservação, conforme a Sra. Ruth Velho Dias, filha de Patrício Dias Ferreira.
      Dona Ruth conta ainda que seu pai era um homem de muita estima pelos empregados e por Caçapava do Sul, por esse motivo foi um dos maiores doadores de terras para implementação de prédios no município, exemplo disso são o prédio da Hidráulica, hoje CORSAN, Associação de Pais e Amigos Excepcionas (terreno doado onde hoje é o prédio atual da Industria de Alimento Urbanu’s, espaço pequeno e muito central, o que não possibilitou a construção do prédio, sendo então permutado com um terreno do Sr. Wantuil Miranda, onde é hoje é  a sede da APAE); Centro de Tradições Gauchas Sentinela dos Cerros, Praça Matias Velho, terreno em frente ao cemitério da Boa Vista, para que ali fosse criado pelo estado uma escola para filhos de empregados rurais, a qual desejava que fosse auto-sustentável, cláusula esta que não foi deferida pelo estado, que alegou,  através de uma telegrama, “quem sabe as necessidades do estado é o próprio estado e não serão aceitas doações com cláusulas”. Passados 30 anos nada foi construído, desta forma o terreno foi restituído à família. Ajudou na construção do Ginásio Caçapavano, hoje Escola Estadual Nossa Senhora da Assunção e ainda estimulava a preservação de monumentos históricos, como a muralha tombada como patrimônio histórico pelo município, cercando a cidade de Caçapava do Sul, que se encontra na Rua Sete de Setembro, nos fundos de uma propriedade da família. Conta dona Ruth, com muita vivacidade, que um dia caminhando pelos campos, de mãos dadas com seu pai, avistaram um carroceiro e este estava pegando pedras da referida muralha. O Sr. Patrício aproximou-se e disse que não podia pegar as aquelas pedras. O homem saiu esbravejando “Esse velho é tão miserável que nem pedra dá aos pobres!” Neste momento Seu Patrício seguiu a passos e comentou “Viste minha filha, o homem é tão sem cultura que nem sabe do que se trata aquelas pedras.”
      No período de 1969 a 1985, nas dependências do Patronato, funcionou a Escola Particular de 1º Grau Incompleto “Dr. Rubens da Rosa Guedes”, sua primeira diretora foi a professora Cecília Paz Vargas (1969 a 1972), seguida pelas professoras Helena Carmem R. Barcellos (1973 a 1982); Eugenia Brum da Rosa (1983); Abrilina da Silveira Ribeiro (1984) e Inara Bairros Shimidt (1985). A escola foi desativada em 1985, quando estava sob a orientação do Grupo de Representação da 13ª DE. Em 03 de Março de 1986 voltou a funcionar, desta vez sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC), em anexo à Escola Municipal Nossa Senhora das Graças, tendo como responsáveis: a vice-diretora professora Lea Conceição F. Chaves (1986 a 1988); Maria Leone Marques (1989 a 1992) e Leslie Maíca de Melo (1993 a 1997). Em 1994 a escola passou a ter uma equipe diretiva formada por Márcia Miolo Dias, supervisora; que passou a freqüentar a escola uma vêz por semana, e a orientadora Denize Maria Araujo Ragagnin, que freqüentava a escola diariamente, responsável pelas reuniões pedagógicas com os demais professores na sede da E.M. Nossa Sra. Das Graças. No ano de 1997 a professora Neuza Maria Dourado Trindade passou a freqüentar a escola diariamente como diretora.  Nestas condições funcionou até 1997.
      No ano de 1995 foi inaugurada a Casa da Criança, no andar térreo, com atividades de artesanato, panificação, técnicas domésticas, horta, jardinagem, coral e aulas de reforço.
      Em 10 de Setembro de 1996 foi criado o Decreto Executivo Nº 752/96, assinado pelo Prefeito em exercício Sr. Roberto Antonio Machado, que criou a Escola Municipal de 1º Grau Incompleto Patrício Dias Ferreira.
      No ano de 1998 a escola obteve sua autonomia através do parecer 267/98 de 03 de Março, do Conselho Estadual de Educação e passou a funcionar nos dois turnos: de 1º a 5º série no turno da manhã e 1º a 3º série à tarde.  A equipe diretiva era formada com as professoras Leslie Maica Melo, diretora;  Neusa Maria Dourado Trindade, supervisora e Denise Maria Araujo Ragagnin,  orientadora. Atuavam na Escola, com 150 alunos, 17 professores e 2 funcionários. De 2008 a 2009, a direção era da Professora Gislaine Huerta Freitas e Milaine Rodrigues.
      Atualmente a Escola Municipal de Ensino Fundamental Patrício Dias Ferreira atende 263 alunos, 152 no turno da manhã e 111 no turno da tarde.
      A escola conta com uma estrutura organizacional com 35 salas, 1 sala de Atendimento Educacional Especializado - AEE (implementada em 2008 a partir do  Decreto 6571/2008,  sendo reativada em 2010 através do Programa de Implantação de Salas de Recurso Multifuncionais do MEC, que atende 18 alunos,  com as mais variadas necessidades especiais: Síndrome de Down, Baixa Visão, Autismo e Deficiência  Auditiva); 1 sala de informática, 1 secretaria, 1 sala para direção e supervisão, 1  sala dos professores, 1 biblioteca, 5 banheiros, 1 cozinha, 1 refeitório e nove salas de aula com no máximo 20 alunos.
      No térreo funciona o projeto Mais Educação, instituído através da Portaria Normativa Interministerial Nº 17, de 24 de Abril de 2007, Dec nº 7.083 de 27/01/2010 e Termo de Adesão em 10/10/2011, coordenado pela professora Fabiana Cornel, contando com mais seis monitores com oficinas de letramento, jornal escolar, futebol, dança, teatro e percussão. A Escola desenvolve também o Festival de Dança, Dançarte, desde do ano de 1999 sob responsabilidade e orientação da direção, formada atualmente pelas professoras Dirce Maria de Lima Maciel, diretora; Rosane B. Silva Teixeira, vice-diretora;  Maricene Lima e Fabiane Inez Borba, Orientadoras Educacionais Edson Aram Krusser, Neila Dias Fagundes e Ioli Dorneles, supervisores pedagógicos; Paulo Sergio Vargas Machado,  secretário;  Enaldo de Souza, monitor;  Antonia da Costa Fernandes e Adair de Jesus Silva, bibliotecários.


3.      ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO

      Realizamos entrevistas com as pessoas que participaram vivamente da sua criação, oportunamente uma delas foi a filha do próprio protagonista, a Srª Ruth Velho Dias, da qual faremos uma pequena apresentação a seguir.
      Estava chovendo, um dia típico para sentar-se, conversar e ouvir histórias... Tivemos a honra de conhecer a Dona Ruth Velho Dias, uma senhora com seus 83 anos de idade, seus cabelos brancos, mas muito serena, consciente e que adora cuidar de suas plantas, muito hospitaleira e de uma simplicidade sem tamanho. Ela gentilmente nos recebeu em sua residência para nos contar a sua história e a de sua família, pais e avós, pessoas que contribuíram muito para o crescimento e desenvolvimento de nossa Caçapava do Sul. Em especial nos contou a história de um homem a frente de seu tempo, que pouco estudo teve, mas que incentivou e proporcionou estudos aos seus filhos e filhas, um homem generoso que preocupava-se em ajudar aqueles que mais necessitavam, esse homem é PATRÍCIO DIAS FERREIRA.
      Muitos podem não saber, mas esta família, em particular o Sr Patrício Dias Ferreira e sua esposa, foram pioneiros e grandes doadores de seus bens em prol da comunidade Caçapavana, foram pessoas bondosas que se preocupavam em olhar para o próximo, o que devemos concordar que nos nossos tempos é raro de se ver.
      Depois de toda essa análise, construímos um mural, com fotos e dados, que ficaram expostas no hol de entrada da Escola, despertando a curiosidade de alguns professores, que solicitaram que apresentássemos para as turmas.
      Ainda maravilhadas com a história descoberta do Sr Patrício e tudo o que envolveu sua vida, comentamos com o professor de religião, Luis, e indagamos se o mesmo conhecia a história,  ele respondeu que não, então começamos a explanar e mostrar o material adquirido. Muito entusiasmado, e até emocionado, ele nos fez um convite para contar para seus alunos o que havíamos comentado, nós prontamente aceitamos e, para nossa surpresa, muitos alunos não conheciam a história da Escola que frequentam. Falamos do sonho daquele homem de construir uma escola da qual os alunos que saíssem dela estariam aptos para trabalhar em algum lugar.
      Pedimos que parassem um momento e refletissem, pois sabemos que na Escola há muito que ser feito em melhorias de infraestrutura, mas que a mudança deve acontecer primeiramente dentro de cada um, pois de nada adiantará haver uma restauração no prédio se eles não tiverem em seus corações o amor e o zelo pela escola.

4.      CONSIDERAÇÕES FINAIS

      A importância e singularidade da história da Escola nos parecem que poderiam ser aproveitadas para a construção do novo PPP, visto ser ainda atual e desafiadora, pois pretendia ser um espaço de formação de jovens carentes, para uma vida cidadã, através do conhecimento acadêmico e da iniciação profissional. Desafio ainda não conquistado pela instituição, mesmo tendo como meta construir uma ação pedagógica capaz de dar ao educando condições para que possa construir as mudanças conscientes e atuar como um cidadão responsável dentro do seu contexto social. Freire (2000) nos coloca que para que sejamos capazes de romper, de decidir, de optar temos que nos reconhecer como seres éticos e históricos, assim, também, a escola tem que se reconhecer, para poder realizar transformações significativas e chegar a uma educação de qualidade.
      Com a realização deste trabalho concluímos que vivenciamos experiências muito gratificantes para nossa formação profissional, porque tivemos a oportunidade de fazer uma relação da teoria que estudamos no curso de Pedagogia com a prática que vivenciamos na escola. Um trabalho que envolveu o grupo todo na magia e encantamento da sala de aula, onde desde os primeiros dias começamos a observar a funcionamento de um ambiente que ainda nos era desconhecido. Um projeto que foi nos consumindo a cada dia no afã de saber mais sobre a instituição para daí, então, poder realizar nossas intervenções. O contato com esse mundo, escola, é um espaço de muita aprendizagem significativa, que para Santos (2009) é toda a aprendizagem que se insere de forma ativa na realidade. Instrumentalizar para intervir na realidade é a finalização da aprendizagem.
5.      REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Unesp, 2000.
SANTOS, Júlio César F. Aprendizagem Significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. 2 ed. Porto Alegre, Rio Grande: Editora Mediação Distribuidora e Livraria Ltda, 2009.


A importância do lúdico no processo ensino- aprendizagem
*Calinca Sabado Figueredo
* Gabriela Dorneles de Souza
**Luciane Soares
*** Marinês Reck Razzera Huerta

RESUMO
Em um momento em que a escolarização está trazendo para as instituições escolares a criança cada vez mais cedo, os jogos e brincadeiras, como recurso metodológico utilizado pelo professor possibilita a construção de um ambiente prazeroso, aulas dinâmicas contribuindo, não só para aprendizagem, mas na formação de alunos críticos, criativos, capazes de construirem  e reconstruirem novos conhecimentos. Portanto, este estudo teve como objetivo investigar o lúdico no contexto escolar. Como o lúdico está presente na escola? De que forma é utilizado pelos professores? É visto como uma ferramenta para auxiliar nas dificuldade de aprendizagem ou não? São algumas das indagações, entre outros aspectos, que norteou a construção deste trabalho, o campo de pesquisa foi a realidade educativa numa escola pública. Quanto aos suportes metodológicos e teoricos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, principalmente os  estudos de Vygotsky, Ferreiro, Antunes, observações e as experiência com as atividades desenvolvidas no Programa Instituicional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do Curso de Pedagogias da Universidade da Região da Campanha do Campus de Caçapava do Sul.



PALAVRAS-CHAVES: Aprendizagem. Lúdico. Prática Pedagógica. Interdisciplinariedade




INTRODUÇÃO
 O surgimento da ideia deste trabalho sobre a importância do lúdico no processo ensino-aprendizagem, como proposta metodologica no âmbito da educação, demonstra a necessidade de modificações no contexto educacional, no qual o professor é um dos principais, se não o mais importante protagonista dessa mudança. O lúdico, quando bem utilizado na sala de aula, pode contribuir para uma melhoria nos resultados obtidos pelos alunos em sua aprendizagens.
Concebendo atividade lúdica como aquela que tem como objetivo produzir prazer, diversão quando realizada, os jogos e brincadeiras se tornam ferramentas de aprendizagem e de desenvovimento do sujeito.
O jogo, por seu caráter espontâneo, está relacionado com a motivação intrínseca, motivação interna que leva a criança a interagir com o meio de forma significativa, estimulando as várias areas do desenvolvimento humanos.
Através do lúdico o professor poderá desenvolver aulas diferentes, criativas, atividades divertidas, propiciar situações de interação entre os pares, criando ambiente proporcio para o desenvolvimento cognitivo e de habilidades.
 Para tanto cabe ao educador buscar maiores conhecimentos em relação a ludicidade e a aprendizagem das crianças, pois é necessário um planejamento consciente e com objetivos definidos, para que as atividades desenvolvidas alcancem o sucesso esperado, isto foi possível perceber através do trabalho realizado com o PIBID junto a escola pública, uma experiência onde a teoria pode ser “sentida” nas práticas pedagógicas, em seus diferentes aspectos.

O Lúdico e a crinça

Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância de trabalhar o lúdico no contexto escolar. O lúdico é um caminho, uma estratégia, uma metodologia  utilizado na prática pedagógica, contribuindo para o aprendizado, de modo a possibilitar ao educador o preparo de aulas dinâmicas fazendo com que o aluno interaja mais em sala de aula, desprendendo-se de seus medos, angustias e estimulando a alegria o prazer de aprender.

Marques (2012, p.82) citando Almeida diz que o lúdico

tem sua origem na palavra latina ‘ludus’ que quer dizer ‘jogo’. Se se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo.

 Assim, pode-se dizer que o lúdico é parte constituinte do ser humano, faz parte natural do seu desenvolvimento afetivo, físico, emocional, social, portanto deve estar presente na escola, como prática pedagógica oportunizando a aprendizagem estimulando valores éticos, morais.
Desta forma, percebem-se as diversas razões para que os educadores incluam em seu fazer pedagogico as atividades lúdicas.
Santos (2012, p. 01) explica que

O lúdico refere-se à brincadeira, jogos e a questão simbólica envolvida nesse processo, faz parte das atividades essenciais no desenvolvimento humano. O lúdico promove um estado de inteireza, de plenitude naquilo que se faz com prazer e pode estar presente em diferentes situações da vida.

As crianças entram cada vez mais cedo na escola é imprescindível que se tenha consciência do quanto ainda precisam brincar, pois a formalidade da escolar rompe com o que lhe natural, podendo não as atrai, não lhes causar vontade de ir a escola, agravando-se quando os conteúdos trabalhados pelos professores estão distantes de sua realidade e de seu interesse, para que ocorra a aprendizagem o sujeito tem que ter desejo, e somente assim acontecerá de forma significativa.

É necessário pensar a importância do conhecimento lúdico no processo de formação do educando, ele facilita à aprendizagem, a construção e assimilação do conhecimento. [...]. É importante que a escola valorize o lúdico e que ao se sentir incluída em seu mundo a criança sente prazer em descobrir novos conhecimentos que serão indispensáveis para sua formação como ser humano [...] (SANTOS 2012, p. 01)


O professor que não oferece ao aluno uma aula atrativa, dificilmente irá conseguir prender a sua atenção, uma aula lúdica não quer dizer que tenha que envolver somente a brincadeira, mas que seja um ambiente agradável, prazeroso, participativo, que o aluno tenha a sensação de bem estar de sentir-se pertencente ao processo de aprendizagem.
Desejo e aprendizagem são indissociáveis e para Curto (2000) a ludicidade das atividades exige do indivíduo a utilização do pensamento lógico e criativo, aguçando seu desejo de aprender, “ naturalmente, aprender é muito mais divertido se te convida a pensar” (p.84), portanto o lúdico é uma ferramenta que proporciona a construção efetiva do conhecimento.
O aluno que pensa, que utiliza suas ideias, que as descuti, é capaz de transformá-las, de torná-las instrumento de mudança pessoal e social, poderiamos então falar de uma educação para o futuro, segundo Delors (2000) renovada capaz de atender as necessidades absolutas de todos os seres humanos, para que todos possam levar uma vida plena de sentido, capazes de enfrentarem os inúmeros novos desafios, com identidade própria, objetivos claros rumo a uma sociedade mais humana e justa.
Porém, nem sempre a ludicidade é vista como uma oportunidade de desenvolvimento, para Zapata (1998) a problemática é incluir a brincadeira no sistema educativo tradicional, em que a opção é desviar o jogo do ensino, apoiando-se em ideias como as de Aristóteles, que afirmava ver na brincadeira uma atividade onde era possível retratar a realidade em suas diferentes possibilidades sem ter consequências na vida cotidiana, opondo-se a seriedade que a sociedade possui, pois a brincadeira não é últil nem construtivo no mundo dos adultos.
 O lúdico para muitos professores ainda é restrito adeterminados momentos da rotina escolar, por acharem  “perca de  tempo” na sua intervenção. Se faz necessário que o professor se conscientize que os jogos possibilita entrar no mundo infantil, no cotidiano das crianças, permite que elas exponham seus temores, suas alegrias, suas relações, assimilando o mundo adulto pelo olhar infantil.
O aluno sente anseio de interagir, quando se aprende “brincando”, seu interesse e seu esforço pelo conteúdo aumenta e dessa maneira ele realmente constrói seu aprendizado dentro do que foi proposto a ser ensinado, estimulando-o a ser pensador, questionador e não um repetidor de informações.
A escolar deve ser o lugar de formaçao do sujeito como um todo, para isso Resende (1999, p.42-43) alerta que
Não queremos uma escola cuja aprendizagem esteja centrada nos homens de talentos, nem nos gênios, já rotulados. [...] Precisamos de uma escola que forme homens, que possam usar seu conhecimento para o enriquecimento pessoal, atendendo os anseios de uma sociedade em busca de igualdade de oportunidade para todos.
Utilizar o lúdico no cotidiano escolar é aliar o tradicional ao novo, afim de tornar aprendizagem divertida e prazerosa sem deixar de ser aprendizagem. Apesar de exigir extremo planejamento e cuidado na execução da atividade o professor pode a partir do jogo ou da brincadeira fazer um elo ao conteúdo que está sendo trabalhado com as demais áreas do conhecimento e com aprendizagens anteriores, proporcionando também um trabalho interdisciplinar.
O educador precisa envolver as crianças em atividades que possibilite a curiosidade espontânea, ofereça condições de interação com o outro ajudando no processo de construção do conhecimento, pois é brincando que a criança desenvolve o cognitivo, cria instrumentos para resolução de conflitos que surgem durante as atividades, estimulando assim, o raciocínio, a auto estima e a autonomia.

Para que a escola ofereça um ambiente lúdico favorável para aprendizagem, necessitamos considerar que o jogo ou o brinquedo devem estarem de acordo com os interesses e necessidades das crianças, caso não sejam compatíveis com o nivel de desenvolvimento da criança, podem interferir na função lúdica da atividade, porque a complexidade pode  excede a capacidade da criança ou porque não é seu interesse.
O professor deve observar além do nível do jogo ou da brincadeira em relação a idade da criança se atividade é desafiadora, pois caso contrario se tornar desinteressante para o aluno quando não representa mais nenhum problema a ser resolvido, não existe prazer e motivação na repetição.
Santos (2012) destaca que tudo a ser ensinado para o aluno precisa ser signifcativo para ele caso contrário não haverá curiosidade e desejo em aprender, a criança tem condições de aprender tudo o que lhe é oferecido desde que seja por meio de brincadeiras, através de um jogo, de uma descoberta.
Deve se proporcionar à criança objetos que tenham um grau de complexidade moderado e que potencializem sua criatividade, sua imaginação; ser criativo é pensar de forma diferente, para que isso ocorra deve-se dar a liberdade para que o aluno transite em diferentes experiências, neste sentido pode-se dizer que a interdisciplinaridade é uma grande aliada ao permitir trocas entre as diferentes áreas do conhecimento.

Aprendizagem e o Lúdico

Diante da democratização do ensino a escola tem vivido muitas dificuldades para garantir uma educação de qualidade para todos, o número de alunos, as condições físicas das escolas, as diferenças regionais, o conservadorismo das escola, entre outros fatores, dificultam o processo pedagógico voltado para todos.
Carvalho (1997, p.43) coloca que para termos uma educação de qualidade para todos a
escola precisa abandonar suas práticas centenárias, reformulando toda a sua organização interna, para atender às necessidades e interesses das crianças e jovens que a procuram. Para tanto, não pode ficar na crença, ingênua, de que ‘tratando’ os alunos, mudando aleatoriamente os métodos de ensino, ou ‘treinando’ mais os professores, estará resolvendo o fracasso escolar.

O princípio democrático da educação está em reconhecer as diferenças e fazer que todos aprendam, para isso como nos coloca o autor acima, é necessario romper com ensino compartimentado, onde cada disciplina era vista como independente, e o aluno como um receptor de informações.
De acordo com a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (2002.p.21-22)
O trabalho interdisciplinar é uma prática docente comum que  está centrada no trabalho permanente voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades, são fatores que dão unidade ao trabalho das diferentes disciplinas e não a associação das mesmas.

Reforçando este trabalho interdisciplinar, o professor terá a certeza de que seu aluno estará ampliando seu conhecimento, pois não envolve apenas o professor da sala de aula, mas sim todos os responsáveis pelo trabalho pedagógico da escola.
A interdisciplinaridade precisa fazer parte do planejamento escolar, segundo Gonçalves (2007,p.9)
Os caminhos na busca da interdisciplinaridade devem ser trilhados pela equipe docente de cada unidade escolar. O ponto de partida é determinado pelos problemas escolares compartilhados pelos professores e por sua experiência pedagógica.

 Para que o trabalho pedagógico interdisciplinar seja desenvolvido com sucesso, é necessário que o corpo docente tenha conhecimento do desenvolvimento da criança em seus diferentes aspectos, afim de que venham a compreender de que forma se da a construção do conhecimento, as necessidades dos aluno e suas potencialidades e intervir
 Antunes (2002) baseado nos estudos Vygotsky, explica que o desenvolvimento da aprendizagem depende do desenvolvimento prévio e anterior, assim como do desenvolvimento proximal do aprendiz, Zona de Desenvolvimento Proximal ou Potencial (ZDP), que pode ser definida como a distância entre o nível de resolução de um problema, ou uma tarefa que o aluno tenha que alcançar independentemente e o nível que pode alcançar com a ajuda do outro, salinte que o papel do professor é deve intervir na ZDP dos alunos, provocando avanços.
O docente tem no trabalho lúdico a oportunidade identificar o desenvolvimento real de seu aluno e criar situações para que ele evolua, construindo sua aprendizagem com base na (re)descoberta, oportunizando ao aluno fazer uso de suas potencialidades e dos conhecimentos já existentes .
Para Vigotsky, de acordo Santos (2012), é no brinquedo (lúdico) que a criança aprende a agir cognitivamente, a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real, tanto pela vivência de uma situação imaginária, quanto pela capacidade de subordinação às regras do jogo ou do grupo.
Durante a realização do jogo ou da brincadeira a criança vivenciará inúmeras dificuldades e diversidades, esta interação com outro ponto de vista, estimular o pensamento critico e colaborativo dos alunos exigindo que criem estratégias para solucioná-las. Para Murcia (2005) a reflexão e critica do aluno facilitará a tomada de decisões pelos alunos no que se refere a organização e gestão do jogo, no trabalho autônomo e cooperative, é preciso se concentrar na diversidade de aprendizagem dos estudantes, pois considerando o papel ativo concedido ao sujeito que aprende, tudo isso por meio de diálogos, estimulará o pensamento divergente em sala de aula.
Dentro deste contexto, os PCN’s (1997) coloca que o brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia, por exemplo, uma criança que passa por constants situações reprovação, estará inclinada a se desvalorizar, a ter pouca confiança em si mesma; vale dizer que sua afetividade será provavelmente marcada por essas experiências negativas. Por tanto é de fundamental importância ser trabalhado com seus alunos essas questões, que ele se conheça, ou seja, que perceba e compreenda que é muito importante respeitar as diferenças de cada um, saber valorizar e interagir com o grupo escolar.
Cunha (2008, p.85) afirma que:
A sala de aula ao revestir-se da sua humanidade, com laços de compreensão e entendimento, com atividades dinâmicas e desejante, com participação ativa do aluno e nutrida por seu interesse, poderá tornar o aprendizado surpreendente.

Uma sala de aula que se constitui em um clima de respeito, de aceitação das diferenças permeada de afetividade, é um espaço favorável, harmonioso e acolhedor para a construção da autoestima e da aprendizagem, pois permite uma organização de pensamento, das emoções, da linguagem, da socialização desafiando o aluno a buscar novos saberes.
Conforme destaca Santos (2012, p.01)
O lúdico trabalhado em sala de aula tende a algumas possibilidades com a introdução e desenvolvimento de conceitos de difícil compreensão, estratégias, resoluções de problemas, significação de conceitos, participação do educando na construção do seu conhecimento. O lúdico favorece a interação social entre os educandos e a conscientização do trabalho em grupo, reforçando o desenvolvimento da criatividade, do senso crítico, da competição ‘sadia’ e da observação.

A brincadeira é uma forma por meio da qual a criança demonstra interesse em se relacionar com o ambiente físico e social onde vive. Desperta, com singularidade, ações criativas e amplia, ao mesmo tempo, conhecimentos e habilidades, motoras, cognitivas ou linguísticas. Muitas vezes, é através dessa expressão da realidade, que o professor consegue identificar as dificuldades de seus alunos.
O docente deve acreditar que a inserção de jogos no seu planejamento é essencial, pois faz com que o aluno compreenda com mais facilidade os conteúdos propostos, possibilitando a construção de atitudes positivas durante as atividades. Assim como nos coloca Piaget que: "numa escola ativa, todas as transições espontâneas ocorrem entre o jogo e o trabalho" (Piaget, 1970.p.158).
Esta é uma afirmação que nos coloca que o jogo inserido no seu contexto, tem suma importância, para que desperte no seu aluno possibilidades de crescimento, ou seja, o resultado a ser alcançado não é o objetivo, mas sim o processo que ele desenvolve para chegar a um resultado, podendo este estar oculto para o aluno.
                         Moraes (1997, p.77) coloca que o papel do educador
é garantir o movimento, o fluxo de energia, a riqueza do processo o que significa a manutenção de um diálogo permanente, de acordo com o que acontece em cada desafio, propor situação problema, desafios, desencadear reflexões estabelecer conexões entre o conhecimento adquirido e os novos conceitos, entre o ocorrido e o pretendido, de tal modo que as intervenções sejam adequadas ao estilo do aluno, a suas condições intelectuais e emocionais e a situação contextual.

O jogo possibilita diversas formas de auxiliar no processo ensino-aprendizagem, como desenvolver no aluno a sua identidade pessoal, trabalhando a aceitação de respeito com seu oponente, de ter seu pensamento livre e de se expressar de maneira instintiva.
Estas intervenções lúdicas devem ocorrer sem restrições, o professor deve aplicar com o grande grupo, tendo a participação dos mais dotados, dos menos dotados e também daquele com necessidades educativas especiais, transformando esta integração em uma aprendizagem cooperativa.
As dinâmicas desenvolvidas podem ser realizadas em vários locais e momentos, como no pátio da escola, em uma praça, ou até mesmo na sua própria sala de aula, claro que tornando que esta aula seja diferenciada. A ludicidade não envolve só o brincar propriamente dito, se o professor conseguir tornar sua aula diferente, em pequenos detalhes que sejam, como uma roda no chão da sala, já irá rever uma grande mudança no desenvolvimento, proporcionando no aluno uma aula prazerosa, aconchegante, harmoniosa e principalmente diferenciada.
 
Considerações Finais

O PIBID (Programa Institucional de Bolsista de Iniciação a Docência) possibilitou adentrar na realidade escolar, unir a teoria com a prática de modo a compreender as singularidades da realidade em estudo, perceber a unicidade da escola e a complexidade que permeia o fazer docente, é sem dúvida uma experiência impar.
 A constante reflexão da prática, a formação continuada do professor se faz presente constantemente, para que a escola se torne um lugar prazeroso para o aprender; é com este intuito que o lúdico, enquanto conhecimento acadênico, despertou curiosidade, compreendê-lo como forma atuação docente foi o desfio deste trabalho.
As observações realizadas na escola revelou que, embora o jogo e a  brincadeira estivessem presente no discurso do professor e na sala de aula, o lúdico nem sempre ocorre. O jogo é utilizado na maioria das vezes como um recurso para desenvolver um conteudo escolar, sendo colocado dentro de uma estrutura rigida que visa repassar ou  fixar conteúdos, não gerando situação de prazer, pois  as regra do próprio jogo ou os objetivos do professor se sobrepõem aos desejos dos alunos.
Os questionamentos, as discussões entre os alunos, os conflitos gerados eram evitados numa tentativa de manter a ordem do ambiente. Deste modo percebe-se que não basta ter o jogo na sala de aula, para que este contribua no processo de ensino e de aprendizagem, ele deve ser compreendido numa perspectiva de ludicidade.
 “Brincando e construindo saberes” foi o prjeto desenvolvido como bolsistas do Pibid, procurou-se intervir com atividades que tornasse a aula diferente da rotineira, onde os alunos sentissem livres, sem restrições, que pudessem ajudar a discutir sobre as regras do jogo, que pudessem se colocar como pessoas e que os conflitos que surgissem fossem discutidos em uma “roda de conversa” procurando um ambiente saudável, agradável, harmonioso, para a busca das soluçoes para os problemas que ali iam emergindo, proporcionando construções construtivas.
O ambinte gerado durante a execução do projeto abriu espaço para que o aluno se arriscasse, errasse, decidisse, negaciassse, vibrasse, sem que isso implicasse algum tipo de humilhação, constrangimento a qualquer alunos, todos tiveram espaço.
Foi possível constatar o quanto é importante a troca afetiva entre professor e aluno, de conhecer-se um ao outro, entendendo suas necessidades, seus anseios, e assim facilitar o aprendizado do aluno.
O que as vezes pode parecer ser simples, como aplicar um jogo, nem sempre é, existem variáveis   que podem ou não facilitar a realização de propostas diferenciadas, como a estrutura física, as peculiaridades das crianças (família, saúde, situação financeira), a falta de acompanhamento dos responsáveis, o tempo disponível, entre outros.
Partindo-se do princípio que para tudo existe uma solução, temos que estimular novos pensamento, querer uma mudança, buscar novos métodos, conceitos, querer criar, reinventar, mudar a rotina, ou (melhor), “sair da rotina”.
            É preciso que os docentes abram os olhos para novas metodologias e tecnologias, visto que os alunos estão cada vez mais expostos a um mundo de informações e atrativos fora da escola.
            Buscar distintos métodos e recursos para ajudar a desenvolver o processo de aprendizagem, não temer o desconhecido, inovador ou o diferente, ter uma nova visão com certeza ampliará as possibilidades para uma intervenção docente efeciente que oportunize os educandos desfrutarem da alegria de aprender.
             Usar um novo conceito em que o lúdico seja uma ponte facilitadora do processo de ensinar e de aprender é o desafio para muitos educadores. Assim, é possível afirmar a necessidade do professor ter conhecimento e uma visão  crítica em relação a sua prática, pois desenvolvê-la pelo simples fato de patrocinar  um momento a mais a aprendizagem de seus alunos, não estará auxiliando no desenvolvimento integral desta criança.
            Educar é contribuir no processo do aluno para que ele tenha a  consciência sobre si mesmo, dos outros e da sociedade, que consiga fazer um próprio balanceamento de ideias.  É dispor várias ferramentas para que possa escolher e saber os caminhos a serem tomados, que tenham sua própria visão de mundo.


Referências

ANTUNES, Celso. Vygotsky, quem diria?!: em minha sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
BRASIL.Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros  curriculares nacionais: apresentação dos temas tranversais, ética/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1997.
_________Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas tranversais, ética/ Secretaria de Educação Fundamental.- Brasília: MEC/SEF,1998.
_________Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino Médio Ciências Humanas e suas Tecnologias/ Secretaria de Educação Fundamental.- Brasília: MEC/SEF,2002.
CARVALHO, R. E. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA,1997
DELORS, J. (Org.). Educação: um tesouro a descobrir. (Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI). Porto: Edições ASA,1999.

GONÇALVES, Jairo Carlos. Interdisciplinaridade: o que é? In:__Interdisciplinaridade no ensino médio: desafios e potencialidades. 2007. 171 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
CUNHA,  Antônio Eugênio. Afeto e Aprendizagem , relação de amorosidade e saber na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak 2008.
CURTO, Lluís Maruny. Escrever e Ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a ler e a escrever. Porto Alegre: Artmed Editora,2000.
MARQUES. Cláudia Luíza. Metodologia do Lúdico na prEatica docente para melhoria da aprendizagem na educação inclusive. 2012. Disponível em:http://revistaeixo.ifb.educ.br/index.php/RevistaEixo/article/dowlod/56/42. Acesso: 18/04/2013.
MORAES, Maria Cândida.  O Paradigma Educacional Emergente. Campinas, SP., Papirus, 1997.
MURCIA, Juan Antonio Moreno.Aprendizagem através do jogo; trad.Valério Campos. Porto Alegre: Artmed,2005.
PIAGET, Jean. A construção do real na criança. 2 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
RESENDE, Carlos Alberto. Didática em perspectiva. São Paulo: Tropical, 1999.
SANTOS, Odenizia Batista dos. O lúdico nas séries iniciais do ensino fundamental. Disponível em www.cefaprojuina.com/portal/index acesso em 02 de maio de 2013.



A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM MUSICAL NA ALFABETIZAÇÃO: OLHAR INTERDISCIPLINAR

Francine Rodrigues de Oliveira *
Vera Lúcia Vivian Valgarenghi**
Marinês Reck Razzera Huerta***


RESUMO

Este estudo traz algumas reflexões sobre o uso e a influência da Linguagem Musical na Alfabetização e a Interdisciplinaridade. Teve por objetivo observar as atividades pedagógicas que os educadores da Escola Patrícia Dias Ferreira oportunizam para trabalhar musicalização com as crianças dos anos iniciais. Ele busca analisar de que maneira a música é trabalhada no cotidiano escolar, verificar como os professors utilizam a música em sala de aula e se a mesma contribui para o processo de aprendizagem na alfabetização através da interdisciplinaridade. Para isso, pretendeu-se verificar se há propostas e incentivo para trabalhar a musicalização na escola e observar como ela influencia na aprendizagem das crianças. O ponto de partida foi o levantamento bibliográfico nos documentos da escola, observações em sala de aula, entrevista com professores e os relatos nos encontros do PIBID. As obras consultadas referenciaram este estudo na Escola onde o Projeto do PIBID (Programa Institucional de Incentivo a Docência) está sendo desenvolvido. Pode-se verificar que embora os professores reconheçam a importância da musica, alguns não trabalham e outros a utilizam para transmitir conteúdo, portanto em desacordo com a proposta de musicalização. Os principais autores pesquisados foram: Fazenda (2008); Gardner (1995); Gainza (1988) e Vygotsky (2001).



1. A Criança e a Música

Desde quando a criança está no ventre materno já existe o contato com os sons externos e internos do corpo da mãe. Quando nasce já é possível identificar a voz de pessoas mais próximas que falavam com ela quando estava no útero, como a voz do pai e da mãe. Com o tempo a mãe começa a cantar para as crianças canções de ninar, logo após músicas infantis, cantigas de roda e até mesmo folclóricas que fizeram parte da sua infância e hoje estão sendo repassados para seus filhos. A criança sente a necessidade de desenvolver seu senso de ritmo. No mundo em que ela vive o som se faz presente em todos os lugares, os animais, os carros, os pingos da chuva, os trovões, o barulho de um motor, um brinquedo, as batidas do coração, a respiração, o tic-tac do relógio.  As crianças não nascem em um vácuo acústico e nem em um padrão sonoro universal e pré-ordenado, pois elas cantam e repetem os sons do meio em que vivem (GARDNER, 1995).
As crianças chegam à escola com uma bagagem musical, pois já vivenciam isso desde antes de nascer. E é nos anos iniciais, no período de alfabetização, que o professor precisa compreender essa essência musical, proporcionando a elas contato com as diversas linguagens, a plástica, a corporal, e teatral. Assim chamamos a educação para a sensibilidade, para o desenvolvimento integral do sujeito.
Ao professor cabe envolver seus alunos com o mundo, propiciando situações para que a criança aprenda a perceber o significado de todas as coisas, construindo assim seu pensamento e compreendendo os sons, as canções e a linguagem musical em suas diferentes manifestações.
No desenvolvimento do conhecimento da música a criança se desenvolve descobrindo ritmos, experimentando instrumentos musicais, confeccionando-os, descobrindo novos sons, cantando, assim vai construindo novos saberes. Neste contexto podemos compreender quando o professor diz que a melodia implica em regras, com as notas musicais e os aspectos literários, poéticos, gramatical, que encontramos nas mensagens e que podem ser explorados no letramento e na alfabetização em todos os níveis.
É na interação com o ambiente que a criança vai tendo o conhecimento musical, através de experiências que aos poucos se estruturam, obtendo, assim, as suas respostas musicais a partir de suas descobertas. Para que esse processo todo venha a acontecer, a crianças deve ter o contato com a música ou com objetos musicais. A escola deve oferecer experiências concretas para que a criança amplie seu conhecimento. A linguagem musical é utilizada em diferentes áreas do conhecimento, e uma alternativa rica para a prática do professor, tornando-se, na escola, um instrumento fundamental.
O trabalho educativo no campo da música será mais eficaz quando aprendermos a conhecer melhor o homem,  podendo, assim,  reconhecer  que ele possui consigo uma grande capacidade de aprender a música.  Nesse sentido, precisamos instigar a capacidade do aluno para obtermos resultados positivos do nosso trabalho. Temos, enquanto educadores, um grande desafio, que é ter habilidades  e competências para isso, que sabemos que só poderá ser realizado se houver muito estudo e dedicação.
Na realidade da escola estudada os professores disseram ter realizado cursos e oficinas para trabalhar música na prática pedagógica. Se o professor procura estar em constante aperfeiçoamento, realizando cursos e oficinas em sua formação continuada, abre-se um novo olhar para a música que, se  trabalhada de uma forma interdisciplinar, contribuirá para o aprendizado e o ambiente escolar será comprometido com as práticas pedagógicas.

O primeiro passo para a aquisição conceitual interdisciplinar seria o abandono das posições acadêmicas prepotentes, unidirecionais e não rigorosas que fatalmente são restritivas, primitivas e "tacanhas", impeditivas de aberturas novas, camisas-de-força que acabam por restringir alguns olhares, tachando-os de menores. Necessitamos para isso, exercitar nossa vontade para um olhar mais comprometido e atento às práticas pedagógicas rotineiras menos pretensiosas e arrogantes em que a educação se exerce com competência (FAZENDA,2008, p.13).


            É preciso o professor  voltar-se mais  para a interdisciplinaridade, pois se sabe,  há muito tempo, da sua importância no processo de ensino e aprendizagem. A música hoje serve de aliada do professor na prática interdisciplinar, e não mais como um apoio especialmente para desenvolver conteúdos.  E esse é mais um desafio hoje na educação. O professor deve propiciar esse contato musical, para que o aluno faça suas descobertas e obtenha experiências novas, uma vez  que ele tem uma vivência anterior à escola. É necessário que no ambiente escolar ele possa receber uma educação para sensibilidade e para o seu desenvolvimento integral.


  1. A  Linguagem Musical na Aprendizagem

No período da alfabetização, quando são propostas atividades de ensino da linguagem musical, a criança acaba se beneficiando no seu desenvolvimento: coordenação viso motora, memorização, atenção, percepção, raciocínio, linguagem, imitação de gestos e sons diversos, inteligência e expressão corporal. É com esse olhar que um dos professores da escolar pesquisada diz que “ O trabalho com música auxilia quanto ao comportamento dos tímidos frente ao grupo, descobrir as possibilidades do uso do corpo e da voz e assim deixa a aula mais prazerosa divertida”.
As funções psiconeurológicas, que envolvem os aspectos cognitivos e psicológicos, de diversas maneiras se constituem para a aquisição  do conhecimento, ou seja, são as operações mentais que as crianças usam para aprender e raciocinar. A atividade de cantar uma música pode parecer simples,  mas proporciona à criança uma série de aptidões importantes, que levará para a vida toda.
Esses aspectos desenvolvidos através da música são de suma importância para a aquisição do código da escrita e leitura. Nas falas dos professores é freqüente escutarmos que os alunos não apresentam um desempenho satisfatório nesta área, por não terem desenvolvido aspectos psicomotores. Para suprir ou minimizar essa deficiência, a música se torna um aliado no fazer pedagógico, pois além de despertar o lado lúdico, aperfeiçoa o conhecimento, a alfabetização, a inteligência, expressão, coordenação, percepção sonora e espacial, auxiliando as diferentes áreas acadêmicas.
Outro aspecto importante da musicalização na educação é o fato desta desenvolver a criatividade, estimulando a curiosidade e o espírito inventivo entre outros.
Viver na sociedade brasileira é fundamentar as práticas pedagógicas, a partir dos Princípios Estéticos da Sensibilidade, que reconhece nuances e variações no comportamento humano. Assim como da Criatividade, que estimula à curiosidade, o espírito inventivo, a disciplina para a pesquisa e o registro de experiências e descobertas. E, também, da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais, reconhecendo a imensa riqueza da nação brasileira em seus modos próprios de ser, agir e expressar-se. (BRASIL, 2008, p13) ??? Não encontrei nas referências.

           

É na escola, no seu dia a dia, que se manifesta a diversidade artística e cultural das crianças. E essa imensa riqueza deve ser explorada e trabalhada durante as aulas, numa prática pedagógica a partir dos Princípios Estéticos onde o professor vai estimular seu aluno para as descobertas e  uma aprendizagem diferenciada e muito prazerosa.

3.  O Ensino Musical e as Contribuições para o Desenvolvimento

A criança que revela uma profunda compreensão dos seus valores, apresenta uma sensibilidade que é desenvolvida por meio da música e também dos materiais sonoros. Nas crianças, a música se desenvolve  numa extroversão e não se alimenta tão somente da valorização do eu, mas sim por uma busca de espírito de equipe.
O objetivo de despertar na criança o gosto pela música, nesse tipo de ensino, ajuda a enfatizar o despertar dos sentidos, as relações entre pessoas. A música é uma maneira única de realizar-se e orientar-se nas relações interpessoais 
O professor dará maior destaque à pratica e não à teoria, pois a prática é muito mais significativa. O aluno precisa sentir prazer na descoberta de sons variados e melódicos, compreendendo e assimilando melhor a música.
Não existe CD, DVD ou brinquedo mágico que possa transmitir  o afeto presente na voz. Esse afeto está presente na voz do pai, da mãe, de uma avó, de uma cuidadora, do professor quando usa a música como forma de comunicação e divertimento.
A primeira fase do ensino, deve constituir-se na sensibilização através da audição musical, despertando o conhecimento e a percepção da melodia e do ritmo, não só trabalhando os sentimentos, mas também as diferenças de volume, a memória e as intensidades de som.
O professor, em seu trabalho, tem como função conscientizar  as crianças para que elas saibam interpretar  a música, adquirindo familiaridade com os sons, desenvolvimento e estruturas musicais. Na entrevista realizada, um professor diz que “a música faz parte do cotidiano de todos: no rádio, na TV, no celular, no PC. Através do som melódico associado à riqueza, ou pobreza, das letras e poesias, temos esta mensagem sonora, que pode naturalmente ser explorada e difundida tecnicamente no meio educacional” .

Os alunos trazem essa vivência de seu cotidiano para dentro da escola, e o professor deve aproveitar para transformar isso em conhecimento a ser explorado dentro das disciplinas. Fará através da letra e a mensagem que é passada, de onde vem essa música, esse ritmo, assim os alunos vão demonstrar mais interesse e as aulas serão mais ricas e diferenciadas.
No domínio dos meios de expressão, são produtivos e progridem no prazer tirado das sonoridades ouvidas e emitidas. Comunicam-se pela música, exprimem em música os seus sentimentos e expressam a alegria de uma atividade, com seus interesses e desejos, que se desenrola conforme o quanto isso se torna importante para o aluno. A música pode oferecer a possibilidade de contato com diversos ritmos, podendo utilizar a expressão corporal para oportunizar o contato com eles  e tendo como principal aliado seus elementos musicais. Podemos  salientar que todos os sons podem ser utilizados, para  despertar no aluno a disciplina e a educação, desde utilização de instrumentos de sucata, até objetos comuns que façam algum som.  Hoje as escolas, algumas delas, contam com o Programa Mais Educação, onde são realizadas oficinas de canto  - coral e a banda (que trabalha com diversos instrumentos). Por não ser obrigatória a frequência, muitos não tem contato com essas oficinas, pois freqüentam somente as aulas regulares. Em sala de aula o professor deve oportunizar a todos esse contato, mesmo que seja apenas a exploração da voz e do corpo. É importante que ele vá adiante, com instrumentos, podendo também ser de sucata, pois além trabalhar a confecção ele trabalha os sons e ritmos, onde o aluno descobre as possibilidades sonoras e partindo disso tem condições de criar novos sons, letras e paródias, utilizando esses instrumentos.  E o professor pode aliar tudo isso a sua prática pedagógica, interdisciplinarmente, o que vai proporcionar maior aprendizado e  conhecimento, de uma forma mais lúdica.
Cabe ao professor possibilitar um trabalho diferenciado em suas aulas para que os alunos adquiram, assim, condições para realizar novas descobertas.  É no contato com outro e com essa convivência que se aprende melhor. Na intervenção e ajuda do outro a criança pode resolver um problema ou uma tarefa e isso ele poderá alcançar com a ajuda de um colega, não só do professor. Trabalhando assim, como nos fala Vygotsky, a Zona de Desenvolvimento Proximal.
Para Vygotsky (2001), o desenvolvimento, principalmente o psicológico/mental da criança, é promovido pelo processo de socialização. Deste modo, o processo de internalização de conceitos é promovido pela aprendizagem social, principalmente aquela planejada no meio escolar. Portanto, é de extrema importância o rompimento com o ensino voltado para a aprendizagem individual, sem troca entre os alunos, em salas que ainda se vê, onde os alunos sentam um atrás do outro, e com uma forma de trabalho que ainda impera a concepção tradicional.
Segundo Vygotsky, o aparato biológico não é suficiente para o indivíduo realizar uma tarefa se este não participa de ambientes e práticas específicas que propiciem o seu desenvolver, pois o sujeito não tem, por si só, instrumentos para percorrer sozinho o caminho do desenvolvimento. Este dependerá das suas aprendizagens mediante as experiências a que foi exposto.

É essencialmente humano ser ao mesmo tempo um herdeiro- parte de uma cultura- e um inovador, trabalhando criativamente dentro ou contra a tradição. Cada um de nós é moldado pela sociedade  na qual se encontra, mas também damos forma à cultura  por meio de ações individuais. Somos capazes de interagir como mundo precisamente porque utilizamos formas simbólicas como linguagem, matemática, artes e música. (SWANWICK apud FERREIRA, 2001, p.83)

 Assim, a criança como sujeito social, é reconhecida como ser pensante capaz de vincular a sua ação à representação de mundo que constitui sua cultura. Sendo a escola, para Vygotsky, um espaço e um tempo onde este processo é vivenciado, e onde o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre sujeitos e processos indissociáveis.
A música permite uma maior socialização das pessoas, sendo fruto da cultura situa a criança no meio social em que vive, permitindo um conhecimento relacionado com o contexto global, ou seja, interdisciplinar, pois diversas áreas do conhecimento estão interligadas. A música há de ter uma importância singular em uma escola que deseja ser significativa, que visa um futuro mais humano e sensível para as novas gerações.

  4. O que é música? Musica é...
           
            A música não é abstrata, ela é um objeto de conhecimento palpável que deve ser vivenciado a partir do prazer,  assim o espaço musical na escola deve permitir a exploração, a descoberta, garantindo um redescobrir constante da realidade interna e externa dos sujeitos envolvidos na experiência.
Para que a aprendizagem musical ocorra é preciso levar em conta o ponto de vista da criança, suas hipóteses na elaboração do seu conhecimento musical e a reconstrução cognitiva das suas hipóteses.  O professor é o mediador do processo educativo, e a escola do seu próprio conhecimento, para isso o lúdico deve ser considerado. Nos anos iniciais é imprescindível que se trabalhe com o lúdico, pois nessa fase a criança precisa disso para formar novos conceitos e para obter novos aprendizados.
À medida que promovemos estratégias interdisciplinares levamos o aluno a ter maior percepção, reflexão e representação musical. Os professores serão agentes dessa construção, devendo acreditar que são capazes de fazer música, arriscar-se a descobrir, investigar, apreciar, refletir, dançar, cantar, etc. Essa experiência sonora deve ser vivida pelo professor, passando por sua percepção e expressão, assim levando à comunicação. O importante é que o professor tenha paixão por ensinar e aprender.
Encontram-se, na realidade estudada, professores que embora reconheçam que a musica é significativa para a aprendizagem dos alunos, não trabalham porque não gostam de cantar, esta visão limitada da música reflete o quanto a escola está distante de um trabalho efetivo com a linguagem musical.
Para que possam desenvolver e ampliar as possibilidades musicais no contexto escolar é necessário que professores e alunos tenham experiências significativas com a música. A linguagem musical se aprende a partir da experiência (GAINZA,1988). Destaca-se a importância de oferecer, em diferentes níveis, situações de vivência com a música. Dentro da escola, durante as aulas, é uma dessas oportunidades para promover essas situações.

5. A Linguagem Musical na Alfabetização e a Interdisciplinaridade.

            O período de alfabetização é um dos mais bonitos, pois é quando a criança começa a ter contato mais especifico com a aprendizagem da escrita e leitura. Esse período é quando o professor deve explorar ao máximo todas as possibilidades de seus alunos, possibilitando o contato com atividades diversas e a música também deve estar presente, incluída assim em suas aulas. Nessa etapa dos anos iniciais a interdisciplinaridade não é mais aceita somente como algo que muito se fala, mas não se coloca em prática. É para ser colocada em prática por saber o quanto ela é importante e necessária. Quando o professor utiliza desse metodologia para ministrar suas aulas, o resultado vem quase de imediato, pois assim ensinar e aprender se torna mais prazeroso e não mais algo estanque. Não é mais aceito o conhecimento como algo pronto ou aquele professor repassador de conhecimento e o aluno apenas um receptor. O aluno constrói seu conhecimento a partir de novas descobertas e da experimentação, o professor deve proporcionar isso e trabalhar sempre interdisciplinarmente, em suas aulas. E deve considerar o que o aluno já traz de sua vivência prévia, não desconsiderando o fato de que isso também é importante na construção do conhecimento.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a linguagem musical está agregada ao Ensino de Artes, assim como: as Artes Visuais, a Dança e o Teatro. A música possibilita uma amplitude pedagógica, ela foi configurada ao longo de todos esses anos para que na escola  houvesse uma maior democratização em sua utilidade.
E com o passar do tempo, até mesmo o avanço tecnológico vem possibilitando as mais diversas expressões artísticas. Mas a   escola ainda precisa acompanhar esse avanço e não seja mais um lugar onde só “impera” o “tradicional”. 
Diversos especialistas defendem a música como um novo olhar na escola, e que, com o seu uso, há uma melhoria nos rendimentos escolares.

A partir da perspectiva das hipóteses a serem demonstradas, vemos confirmado com isso que a prática da música e da educação musical podem claramente prevenir contra os fracos resultados de concentração das crianças. A música apresenta um campo de exercício que pode, acima de tudo, ajudar nas deficiências de concentração das crianças. (BASTIAN, 2009, p 123)

O processo de alfabetização é o primeiro passo para o conhecimento e para a conquista de seu espaço na sociedade. É uma etapa de suma importância, pois é a base e deve ser bem trabalhada pelo professor dos anos iniciais.
O universo sonoro tem muito mais a ser explorado no processo de alfabetização, a música é um veículo que desenvolve potencialidades do indivíduo, como a percepção auditiva, a capacidade criativa, a capacidade de concentração, desenvolvendo assim as potencialidades de cada um. 
Durante os séculos a música vem progredindo, mas podemos dizer que  as tradicionais manifestações musicais estão um pouco esquecidas, como por exemplo, músicas folclóricas, populares, clássicas, semi-eruditas. A cultura deve ser resgatada, vista pelo ponto estético, sabendo que a música é entre as artes, a que permite do modo mais puro expressar os sentimentos.
Os educadores precisam ser mais que professores, trabalhar com novas técnicas e de maneira ampla, sendo problematizadores do aprendizado, eles precisam ver o seu aluno com um olhar diferente, perceber que é um ser constituído de inteligência e de emoção.

Conclusão

Concluiu-se, através das entrevistas, observação e análise dos documentos, que na escola pesquisada ainda não é trabalhada  a música de acordo com a proposta  de ser incluída interdisciplinarmente nas aulas, despertando a sensibilidade musical nos alunos, predomina o uso como um recurso para auxiliar no desenvolvimento de conteúdos. Alguns trabalham com músicas atuais, folclóricas e até constroem paródias em cima de conteúdos, mas o trabalho ainda não é direcionado para a sensibilidade musical e em outros casos nem é usada a música nas aulas.
Os professores relatam que fazem curso ou oficinas para trabalhar com a música, por acreditar que ela assume um papel muito importante na educação e que cantando o aluno vai se interessar pela aula e o conteúdo. Acreditam que cantando ele aprende com mais facilidade e de forma prazerosa demonstrando, assim, mais interesse, por outro lado, há professores que não consideram a música importante na aprendizagem, outros não trabalham porque não gostam, mesmo sabendo da importância desse trabalho, qusndo trabalham é desenvolver algum conteúdo ou data comemorativa, mas isso ocorre muito pouco.
Ainda falta mais exploração da música na escola pois, pela realidade encontrada, existem aqueles que procuram fazer das aulas algo muito mais que o ler e escrever, tornando um ambiente agradável, onde os alunos aprendam e gostem de estar. Mas infelizmente vivenciamos na escola aulas muito tradicionais onde o “novo” ainda não chegou e os alunos ainda recebem tudo pronto, nada além de copiar e decorar.  Ensinar vai muito além disso, é ter um olhar diferenciado, reconhecer o quanto é importante sair do tradicional, respeitar a vivência do aluno, oportunizar a descoberta e o conhecimento. Fazer da sua aula algo que seja prazeroso e que o aluno se sinta bem e goste de estar ali. Ensinar é ser apaixonado por esse trabalho, principalmente nos anos iniciais, que é a base para a vida da criança.
            Há muita coisa a ser mudado na forma de trabalhar a musicalização, pois pode-se perceber que a música está sendo inserida no cotidiano escolar, porém não com a finalidade de trabalhar a sensibilidade musical, que é a orientação atual dos PCNS, ela é utilizada na rotina e para desenvolver conteúdos, hábitos e atitudes, e não a proposta em si da musicalização.




Referências

BASTIAN, Hans Günther. Música na escola: contribuição do ensino da música no aprendizado social da criança. 1. Ed. São Paulo: Paulinas, 2009.

____.Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, MEC/SEF, 1998.
____. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

FAZENDA. Ivani CA. Fazenda (org.). Didática e interdisciplinaridade —Campinas, SP: Papirus,1998.
FERREIRA, Sueli. O Ensino das Artes: Construindo Caminhos. Campinas, São Paulo: Papirus, 2001.
GAINZA, V.H.D. Estudos de psicopedagogia musical. São Paulo, Summus,1988.

GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

LIVTIN, Daniel. Por que gostamos de música. Veja Revista. São Paulo. Edição 1990. Janeiro 2007.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2001.



A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS

Fabiane Goudinho Brito*
Luciane Soares**
Marinês Reck Razzera Huerta***

  •  
  •  

RESUMO

O presente trabalho integra o subprojeto “Letramento e Ludicidade em práticas interdisciplinares”, do projeto PIBID (Programa Institucional de Bolsa para Iniciação Cientifica) do Curso de Pedagogia da Universidade da Região da Campanha, Campus de Caçapava do Sul. Tem como foco o estudo da alfabetização, a construção da leitura e da escrita. Ler e escrever são aprendizagens que não acontecem simultaneamente, compreender este processo é necessário pelo professor a fim de que sua prática pedagógica contribua para os alunos as construam. É necessário que o educando perceba que cada nova leitura de um texto lhe permitirá desvendar novas significações, vencer novos desafios. A fim de estimular a aprendizagem da leitura e da escrita propõe-se um trabalho utilizando jogos e brincadeiras para que esta construção seja estimulante  e divertida. Alfabetizar não é apenas decodificar símbolos, mas sim interpretá-los de modo que o indivíduo possa compreender o mundo que o cerca. Para a realização deste trabalho buscou-se um estudo teórico sobre o assunto junto as palavras de autores como Grossi, Antunes, Silva, Freire, entre outros. Juntamente com a pesquisa bibliográfica realizou-se observações em uma escola municipal pública para que deste modo o cotidiano escolar em relação a alfabetização estivesse presente neste estudo.



PALAVRAS-CHAVE: Escrita. Aprendizagem. Prática Pedagógica.

1 INTRODUÇÃO
A Relação existente entre a leitura e a escrita é complexa, e para melhor compreender como se dá esse processo é importante considerar que a história da Leitura pode-se conceber de maneira mais simples, enquanto mero relato da progressão cronológica das obras escritas. Essa acepção, ainda que singela, impõe de imediato certas condições; a primeira é a de existir a escrita, reconhecida pela sociedade enquanto um de seus possíveis meios de comunicação; outra é a de obras produzidas terem se tornado públicas, vale dizer, socializadas visto que historicamente a aquisição da leitura e da escrita não era algo público de bem comum, mas sim algo que poucos privilegiados tinham acesso. Da sua parte, essa socialização decorre de algumas providências, como a de possibilitar o acesso à escrita por parte dos membros da sociedade, o que implica também o estabelecimento de uma instituição encarregada de fazê-lo: a escola, que desempenha a tarefa de alfabetizar.
O que se vê é que uma parte da população que ingressa no sistema educacional possui grande dificuldade em acompanhar o processo de ensino, principalmente nos anos iniciais, pois a preocupação em atender à crescente demanda que acompanhou o processo de urbanização e a obrigatoriedade do país deixou de lado a qualidade de ensino básico, pois muitos ingressam nas escolas, que continuam do mesmo tamanho e na maioria das vezes com os mesmos recursos.
As dificuldades de alfabetização das crianças oriundas das classes desprivilegiadas tem sido um problema grave na educação brasileira, desde os primeiros movimentos da democratização do ensino e de ampliação das oportunidades educacionais.
Atualmente o sistema educacional brasileiro tem como base para a alfabetização os três primeiros anos do ensino fundamental, um esforço para que as crianças tenham tempo necessário para construírem a leitura e escrita.
Neste contexto, a compreensão da natureza da escrita, de suas funções e de seu uso é indispensável ao processo de alfabetização, por isso torna-se necessário aos docentes pesquisarem, estudarem e se atualizarem para que oportunizem aos educandos atividades que venham a contribuir para o desenvolvimento de suas aprendizagens.
 O processo de alfabetização inclui muitos fatores e quanto mais o professor souber sobre eles, mais condição terá de encaminhar de forma agradável e produtiva o processo de ensino e de aprendizagem, alguns deles são: o processo de aquisição de conhecimento, o desenvolvimento emocional, o processo de integração social, a natureza da realidade lingüística envolvida no momento em que acontece a alfabetização, a psicogenese da alfabetização assim, com essa base de dados, o trabalho do professor se torna mais abrangente, seu planejar terá significação para a vida do educando

1 LEITURA E SUA IMPORTÂNCIA

O ato de ler é insubstituível. Lê-se para melhor compreender a realidade do mundo que nos cerca e suas possibilidades. Mas, para que o ato de ler seja uma tentativa de melhora na educação, é necessário que o aluno tenha contato desde cedo com o mundo das letras, com livros, revistas, jornais, a fim de motivar seu desejo por aprender.
A aprendizagem da leitura constitui um processo permanente que se enriquece com novas habilidades na medida em que se manejam textos adequadamente e que sejam cada vez mais complexos.
Aprender a ler, então, é um processo que se desenvolve ao longo de toda a escolaridade do indivíduo. É preciso compreender e interpretar a leitura extrair todas as informações, principalmente as mais valiosas. Portanto não se pode considerar que a ler seja apenas decodificar símbolos, mas é importante compreender que é por meio da leitura que se irá interpretar e assim analisar as informações a que se está exposto diariamente.
Neste sentido é correto incentivar as crianças a ler já na Educação Infantil, não somente com o objetivo de aproximá-las de letras ou de um problema, mas sim, aproximá-las de algo que está presente no seu cotidiano.
A criança deixa o mundo do abstrato para entrar no universo das coisas reais, e complexas. E quando o aluno reconhece que ele precisa aprender, buscará mais, certamente o seu interesse será aumentado.
Ler é, todavia, um processo contínuo, que se desenvolve ao longo de todo o processo educativo, e por isso deve–se entender que as práticas pedagógicas devem buscar uma vivência prazerosa. Conforme as palavras de Barbosa (1994) a leitura não está apenas nos livros mas também no mundo, não se dá sozinha mas em um contexto de trocas e experiências onde as ideias devem fluir livremente, a fim de os alunos criarem hipóteses, questionarem, interpretando o mundo, o outro e a si mesmos.
Segundo FREIRE (1988), a leitura do mundo procede sempre a leitura da palavra. Primeiro a leitura do mundo pequeno mundo, ou seja de sua comunidade conforme foi possível perceber na escola, onde os alunos relatam suas vivencias algumas vezes limitadas a família ou a comunidade, outras vezes as informações dos meios de comunicação, de modo que  já trazem consigo um conhecimento que não pode ser desprezado em aula.
Paulo Freire( 1988) afirma que a leitura do seu mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de escrever o de reescrevê-lo, e transformá-lo através de uma prática consciente.
Esse movimento dinâmico é um dos aspectos centrais do processo de alfabetização que deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares, expressando a sua real linguagem, carregada da significação de sua experiência existencial e não da experiência do educador.
Segundo Paulo Freire (1988) a alfabetização é a criação ou montagem da expressão escrita da expressão oral. Assim as palavras do povo, vinham através da leitura do mundo. Depois voltaram a eles, inseridos no que se chamou de codificações, que são representações da realidade.
No fundo esse conjunto de representações de situações concretas possibilitava aos grupos populares uma leitura da leitura anterior do mundo, antes da leitura da palavra. Paulo Freire afirma que ato de ler implica na percepção critica, interpretação e reescrita do lido.

2. O Aprendizado da Leitura na Escola

Quando o aluno chega à escola já é um leitor de seu cotidiano que o cerca. O aluno utiliza estratégias para compreender o mundo, começa a observar, a interpretar e interagir.
À escola não cabe somente ensinar o código alfabético, mas também, deve levar o aluno a descobrir o prazer que a leitura e a escrita podem oferecer. Ler permite a construção de um mundo imaginário individual, criados de acordo com o gosto de cada um. A leitura precisa ser natural, tranquila, espontânea em seu despertar para que aos poucos possa ir ganhando espaço na vida do aluno.
Deste modo percebe-se que para ter um “mundo letrado” é necessário ter formadores de leitores, cabendo aos professores a missão de ensinar aos educandos o processo de decodificação dos símbolos encontrados no cotidiano e nos livros.
O trabalho de leitura na escola é muito importante, tem por objetivo principal levar o aluno à compreensão das ideias, é muito importante que o leitor se envolva, se emocione e adquira o conhecimento que o leve a soluções do seu problema.
A formação do leitor precisa passar pelo despertar do prazer que a leitura proporciona, pois desenvolver o hábito pela leitura é o princípio. A escolha de leitura, é uma das formas para que o aluno adquira o hábito de ler, porque se o professor não impor livros, mas fazer com que leiam o que interessar, formará leitores que leiam por prazer e com consciência de que lendo, além de ampliar seus conhecimentos, irá aprender a escrever melhor, pois só escreve bem quem lê muito.
            As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo das suas histórias, na organização da vida social e políticas e nas suas relações com o meio e com outros grupos, na produção de conhecimentos.
            Sabe–se que não existem pessoas humanas com mais ou menos cultura, o que na verdade existe são culturas diferentes, e a própria linguagem traduz essa situação, pois há termos próprios das classes dominantes e outros das classes populares. Quando a criança chega à escola na maioria das vezes já tem um contato com vários tipos de recursos de comunicação (TV, rádio, telefone, livros, jornais, revistas, gibis e até o computador) influenciado assim na linguagem destes. Só que estas crianças ao ingressarem na escola já se apropriaram de diferentes formas de linguagem em função do meio o qual fazem parte.
Para Vygotsky (2001) “o aprendizado pressupõe uma natureza social específica e um processo através dos quais as crianças penetram na vida intelectual daqueles que as cercam” (p.99).
Essa realidade linguística precisa ser bem entendida pela Escola, para que ela não cometa injustiças para com os alunos e comprometa o processo educativo; muitos problemas de fala são de fato problemas de variação linguística, que é uma questão muito complexa, pois podem ser geográficas (dialetos) e sócio–culturais (dialetos sociais).
As variedades geográficas são responsáveis pelos regionalismos e levam a uma distinção entre as linguagens como a urbana (escola/meios de comunicação e a rural (isolada/conservadora), o que também foi percebido na escola municipal objeto do estudo, pois as crianças trazem para a escola a linguagem utilizada na comunidade (periferia) que se reflete na escrita.
Ouve–se muitas vezes falar do dialeto–padrão, que nada mais é do que uma das variedades linguísticas sócio–culturais. É chamado de padrão ou até culto, porque é usado por quem tem prestígio social, ou seja falantes “cultos”, parece o ideal, enquanto o dialeto popular usado pela maior parte dos falantes é menosprezado socialmente.
A falta de unidade e uniformidade total é característica das diversas variedades de qualquer língua, decorrente do fato de que os falantes mantêm permanentes e complexas relações de intercâmbios.
Os estudos das relações entre pensamentos e linguagem é considerado um dos temas mais complexos da psicologia. A linguagem é sem dúvida um meio de comunicação, a qual a criança precisa dominar para poder expressar como e para compreender o que os outros querem dizer.
Segundo Vygotsky (2001)

A capacitação especificadamente humana para a linguagem habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superarem a ação impulsiva, a planejarem a solução para um problema antes de sua execução e a controlarem seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem para as crianças, um meio de contato social com outras pessoas. A função cognitiva e comunicativa da linguagem torna–se então, a base de uma forma nova e superior de atividades nas crianças distinguindo–as dos animais (pág. 64).


         Sendo assim, a linguagem tanto expressa o pensamento da criança como age como organizadora desse pensamento. Toda a linguagem oral como escrita não empregadas para a comunicação, ambas representam um considerável salto no desenvolvimento do indivíduo.
       Contrariamente ao que se observa na linguagem oral, à escrita exige um grau mais profundo de conhecimentos. O desenvolvimento da linguagem oral envolveu uma série de conhecimentos linguísticos e fatores não verbais como os gestos e informações trocadas entre os participantes, que ficam a um nível intuitivo.
       Para aprender a falar, a criança não precisa ter claramente para si o que são palavras, que elas têm um significado dentro da língua e que podem ser representadas separadamente uma das outras. Ou seja, quando fala, ela não precisa ficar separando mentalmente uma palavra da outra.
       Apenas as palavras unem–se umas as outras e manifestam–se através da fala. Da mesma forma a criança não precisa ter a consciência de que é uma frase ou seu tipo, nem a entonação, muito menos precisa saber onde começa ou termina a mesma. O seu conhecimento de falante é, em geral suficiente para dar conta de tais situações.
       Já a escrita envolve um conhecimento mais profundo do que é linguagem e implica do domínio de características que são próprias da representação gráfica como, por exemplo, a questão da pontuação, as regras ortográficas, a construção de narrativas escritas, etc. Adquirir o domínio da escrita não significa, simplesmente aprender uma forma de comunicar–se a distância, transformando fala em grafia, mas sim, ter acesso a uma maneira nova de estruturar o pensamento.
       Vigotsky (2001) afirma que
Ao aprender a escrever, a criança tem que se libertar do aspecto sensorial da linguagem e substituir as palavras por imagens de palavras. Quando, fala a criança tem uma consciência muito imperfeita dos sons que pronuncia e não tem qual consciência das operações mentais que executa. Quando escreve, tem que tomar consciência da estrutura sonora de cada palavra, tem que dissecá–la e reproduzi–la em símbolos alfabéticos que tem que ser memorizados e estudados com atenção (p.15).

A linguagem é que permite o contato do homem com o mundo, sendo um dos principais instrumentos na formação do mundo cultural.
Além do pensamento a linguagem também mantém estreita relação com a cultura. Se por um lado, as várias linguagens fixam e passam a diante os produtos de pensamento do homem (sob a forma de ciência, técnica e arte) elas também sofrem influência das manifestações culturais.
A construção da linguagem oral não é linear e ocorre em um processo de contato com a fala do outro, seja ela do pai, da mãe, do professor, dos amigos ou aquelas ouvidas através dos meios de comunicação, ou seja, em contato com o meio. A linguagem escrita também depende do grau de letramento de ambiente social, da importância que tem a escrita no meio em que vivem e das práticas sociais de leitura e escrita que podem presenciar e participar.
A construção da leitura e da escrita não acontecem simultaneamente, por esta razão é precisa reconhecer que elas se dão em processos diferentes, de forma que os professores devem ter cuidado em seus planejamentos, para oportunizar atraves de atividades variadas a construção destas aprendizagens.
1.3  O Aprendizado da Leitura nos Anos Iniciais
Como se vive em uma sociedade letrada no qual os veículos escritos são necessários à sobrevivência e atualização da população da sociedade, conforme se percebe atraves das novas tecnologias que avançam rapidamente. E se as etapas evolutivas da civilização garantem a essa sociedade à condição para a aquisição da leitura, isto quer dizer que a formação de leitores se coloca como uma responsabilidade do Estado, ler
é um direito de todos os cidadãos; direito este que decorre das próprias formas pelas quais os homens se comunicam nas sociedades letradas. A presença de analfabetos (iletrados) no Brasil não nasce por acaso ou porque os indivíduos optaram por não-ler; o problema é que as autoridades não estão interessadas em desenvolver o gosto pela leitura junto a todos os segmentos da população (SILVA, 2005, p.50).

A concepção segundo a qual ler é um direito de todos e, ao mesmo tempo, um instrumento de combate à ignorância e alienação decorrentes de uma vertente política, do passado. Hoje, se percebe que a realidade brasileira tem modificado a todo o instante, existe ainda a necessidade de projetos que despertem na criança jovens e adultos o interesse pela leitura e escrita, e que possa auxiliar na compreensão e interpretação do que lê e escreve.
O governo federal tem proporcionado aos docentes a participação em em cursos de formação continuada em diferentes modalidades (presenciais e a distancia) para que aperfeiçoem sua prática pedagógica, atraves de estudos pesquisas e reflexão a fim de que se superem as dificuldades relacionadas a aprendizagem da leitura e da escrita.
Segundo Freire (2000, p. 21) “reflexões em torno da importância do ato de ler, que implica sempre percepção critica, interpretação e “re-escrita” do lido”, muitos ainda não conseguem interpretar e muito distante do reescrever.”
Como se vê, despertar o interesse pela leitura não é tarefa fácil, porém existe a necessita de orientar o educando a ler e escrever a sua compreensão, determinando esta leitura como leitura critica de um determinado texto.
Na visão humanista da leitura, o ato crítico de ler aparece como uma sequência de atos da consciência do leitor, que se situa concreta e criticamente no ato de ler, garantindo o caráter libertador, principalmente o compreender e o criticar.
 Barbosa (1994) diz que, a partir do momento que a criança entra em contato com uma situação de leitura, ela inicia o processo evolutivo dessa aprendizagem, pois a escrita está presente em suas várias formas e usos, permitindo considerar uma diversidade de condições de leitor e, também por isso o ato de ler está em constante transformação, assim o leitor vai aperfeiçoando suas estratégias, de acordo com as necessidades que se apresentam.
Assim o autor comenta que recentes investigações apresentam uma semelhança entre a aprendizagem da fala e a aprendizagem da leitura; se a criança aprende a falar, falando, é bem possível que a mesma aprenda a ler lendo.
Em concordância encontra-se  fala de Smolka (1989) afirma que a leitura é certamente uma atividade humana, reflexiva e crítica e não se resume a decifração mecânica. Esta atividade, todavia não é vista pela autora como simplesmente um comportamento de leitura, decifração, mas como uma forma de linguagem, de natureza dialógica, ou seja, através da aprendizagem da leitura, o aluno desenvolve suas habilidades de reflexão, expande seus conhecimentos e age na sociedade de uma maneira intensa e direta.
Em relação a aprendizagem Kleiman (1993, p.15) destaca que a queixa mais frequente feita por professores é que "os meus alunos não gostam de ler". Despertar nos alunos o gosto pela leitura é um problema que tem tirado o sono de muitos educadores. Sabe–se que muitos são os entraves no caminho entre o texto e o leitor, principalmente o leitor em idade escolar. As palavras da autora estão de acordo com as observações realizadas onde percebeu-se a resistência dos alunos em procurarem livros na biblioteca, de lerem em casa, de relatarem suas leituras em aula, do mesmo modo que sentem dificuldades em ler apresentam, também tem resistencia na escrita, pois mesmos seus relatos sendo longos, na transcrição para o registro escrito são limitados.mesmo nas intervençoes realizadas em aulas através das atividades do PIBID, os alunos demonstraram resistencia em escrever mesmo que o assunto fosse do seu interesse, o medo de errar ainda é um dos maiores entraves.
Assim sendo, nas primeiras séries do Ensino Fundamental os estudantes carecem de um bom suporte gramatical, mesmo já sabendo ler e escrever. Saberes que ele usa no seu dia a dia, mas que precisam ser aperfeiçoados e sistematizados na escola. Talvez por esta razão a leitura seja frequentemente utilizada apenas como pretexto de exercícios gramaticais.
Outro problema apontado por Pennac (1993, p.13) é a forma como a leitura é imposta aos alunos, segundo ele "o verbo ler não suporta o imperativo", ou seja, ler só porque se é obrigado não garantirá que o leitor irá realizar a leitura com eficiência, o mais provável é que a criança crie aversão ao ato de ler. Outro entrave à leitura apontado por Pennac é a concorrência com os meios de comunicação em massa, sobretudo a televisão.
Muitos autores tentam conceituar o que é leitura, Leffa por exemplo, ao indicar uma definição do que seja a leitura, afirma que
A leitura é um processo feito de múltiplos processos, que ocorrem tanto simultânea como sequencialmente; esses processos incluem desde habilidades de baixo nível, executadas de modo automático na leitura proficiente, até estratégias de alto nível, executadas de modo consciente (1996, p.17-18).

Diante do exposto se percebe que a leitura envolve múltiplos processos que vai desde a decodificação das letras e palavras até a escolha de estratégias de leitura. Além disso, a atividade leitora vai além da percepção da página impressa pelos olhos, ela deve ativar o conhecimento prévio do aluno em relação a determinado assunto.
A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento como o conhecimento lingüístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão.
(KLEIMAN, 1993 p. 13), Nem todos os profissionais conhecem as teorias a respeito da leitura e acabam por trabalhar de forma inadequada repetindo antigas fórmulas e velhos "erros", escolhendo textos inadequados para seus leitores.
Em relação a construção da leitura e da escrita, é importante salientar a psicogenese da alfabetização, pois saber ler consiste num conhecimento baseado na habilidade de relacionar o som as letras e assim perceber as silabas e a formação das palavras. Adquirindo tal conhecimento a leitura passa a ser um processo, o que para Grossi (1990) chama-se psicogênese da alfabetização: “Quando alguém se alfabetiza, percorre uma longa trajetória a qual é dado o nome de psicogênese da alfabetização. Esta psicogênese se caracteriza por uma sequencia de níveis de concepção sobre a leitura e a escrita. (p.51)”
 Subir os degraus da alfabetização com sucesso também necessita desde cedo estimulo e contato com o mundo letrado, de forma divertida e instigante para que o aluno deseje descobrir o mundo da escrita.
Grossi(1990, p.53), coloca que durante passagem de um nível para outro a criança enfrenta conflitos cognitivos importantes para a concretização da leitura,
[…] os conflitos de passagem são momentos preciosos do processo que se caracterizam pela evidencia de contradições nas condutas do sujeito que aprende, as quais perdem a estabilidade do nível anterior e ainda não se organizam de acordo com o nível seguinte.

Os níveis de alfabetização de acordo com a autora apresentam-se a seguir de forma:- nível pré-silabico 1: -nivel pré-silabico 2: -nivel silabio: -Nível alfabético.
A medida que a escrita e a leitura passam a ser uma descoberta prazerosa, o aluno começa a reconhecer que precisa aprender, cada vez mais, o que certamente aumentará o seu interesse pela ato de ler e escrever.
Neste contexto Antunes (2007, p.157) afirma que
 [...] aceitar as concepções da linguagem – como atividade funcional, interativa, discursiva e interdiscursiva, como prática social situada e imersa na realidade cultural e histórica da comunidade – acarreta visíveis diferenças na vida da escola, consequentemente, no desempenho de professores e alunos.
  Nestas novas concepções a língua deixa então de ser vista como mero depositário de regras para se tornar como instrumento de interação e comunicação. Escolher um texto aleatoriamente sem considerar o conhecimento de mundo dos leitores pode não só tornar a leitura mais difícil como também não imprimir nenhum sentido na mente daquele que ler. Isso não significa que se deve limitar o conteúdo lido ao conhecimento prévio do aluno, uma interessante alternativa seria antes de uma leitura mais complexa fornecer aos alunos o conhecimento necessário para a compreensão de determinado texto. Pode-se começar a aula questionando o que os alunos sabem sobre o assunto que será tratado no texto. Esse tipo de abordagem serve não só para o educador  conhecer o que os leitores já sabem sobre determinado assunto como também permitir uma interação entre o conhecimento de vários indivíduos; essa troca de embromações com certeza será de vital importância para a execução da leitura que poderá ser feita em seguida à discussão ou noutra ocasião, ou ainda ser descartado o texto escolhido caso os alunos não tenham nenhum conhecimento ou interesse sobre o assunto escolhido pelo professor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola tem por responsabilidade proporcionar aos seus alunos condições para que estes tenham acesso ao conhecimento. Nesse ciclo de criação e recriação do conhecimento próprio da vida escolar, a leitura ocupa, sem dúvida alguma, um lugar de grande destaque.
No âmbito escolar, se pode perceber que ainda há muitas dúvidas e discussões a cerca do ensino de leitura, pois muitos professores se formaram há muito tempo e alguns ainda tem resistência em atualizarem-se a fim de acompanhar as novas teorias e concepções sobre língua e ensino. Observou-se na escola que algumas crianças apresentam dificuldades em ler, reconhecer e interpretar textos talvez pela forma como a leitura ainda é processada na escola, visto que mudar , inovar exige do docente um comprometimento que nem sempre ele está disposto a ter, além de ser preciso olhar as diferentes construções e concepções que o educando traz do seu mundo, os gêneros textuais que os alunos de fato têm contato no seu cotidiano. Aos professores, falta em alguns casos, conhecimento das teorias da psicogenese da alfabetização ou por ignoraram sua relevância. Pode-se observar na escola que alguns docentes ainda trabalham a leitura de forma descontextualizada, utilizando-se das cópias de textos e exercícios de gramática ou fixação da ortografia.
De certa forma, as aulas de leitura por muito tempo foram substituídas pelo estudo de um único elemento da língua: a gramática, especialmente a normativa, que na verdade não desenvolve as habilidades linguísticas dos alunos.
No ensino da leitura, deve se valorizar o conhecimento que os alunos possuem para a situação de aprendizagem escolar e ainda levar os alunos a um conhecimento mais profundo da realidade.
A prática da leitura possibilita a reflexão e a produção de novos textos por parte dos leitores. O professor deve oportunizar condições para que os alunos leiam significativamente para debater as ideias que lhes pareçam importantes.
A relevância e a necessidade do ato de ler para professores e alunos são irrefutáveis, porém, é necessário analisar criticamente as condições existentes e as formas pelas quais esse ato é conduzido no contexto escolar.
Assim, a dimensão quantitativa (mais ou menos leitura) e a dimensão qualitativa (boa ou má leitura) do processo, dependem das condições escolares concretas para a sua produção.
Enfim, neste estudo ficou claro a importância da alfabetização sua relevância para o sucesso do indivíduo na sociedade atual e que para isso as escolas e os professores precisam estar abertos a mudanças, pesquisas, buscando compreender como se processa a leitura e a escrita para que seja prazeroso ao aluno e não uma experiência traumatizante a qual o acompanhará por toda sua vida. Interligar a teoria dos diferentes autores com a realidade da escola pública deixa a certeza que alfabetizar não possui receitas e que merece estudo e pesquisa constante a fim de qualificar o trabalho docente e oportunizar sucesso aos alunos que ingressam na escola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Irandé. Muito Além da gramática. Por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo. Parábola. 2007.
BARBOSA , Juvêncio José. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, v 16, 1994.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 10 ed. São Paulo: Autores Associados Cortez, 1988.
____, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São
Paulo: Cortez, 2000.

GROSSI, Esther. Didática da Alfabetização. Rio de Janeiro:Paz e Terra,1990
LEFFA. Vilson. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sangra – Luzzatto, 1996.
 KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura. Campinas, SP: Pontes, 1993.
PENNAC, Daniel. Como um romance. Trad. Leny Werneck. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura na escola e na biblioteca. Campinas: SP:
Papirus, 2005.
SMOLKA, B. Luíza Ana. Leitura e desenvolvimento da linguagem. Porto Alegra – RS: Mercado Aberto,1989.
VIGOTSKY, Lev Semyonovich; LÚRIA, Alexander Romanovich; LEONTIEV, Desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone/EDUSP,2001.